FERNANDES, Sandro Luis.
profe.sandro@hotmail.com
RESUMO
Neste artigo realizamos a análise das provas de Ciências Sociais
do vestibular da UFPR (2018/2019 e 2019/2020), do ENEM (2018 e 2019), bem como
de materiais didáticos desse componente curricular utilizados por um curso
preparatório, em Curitiba/PR. A intenção foi verificar se o nível de exigência
desse material está compatível com o nível de exigência das provas. Portanto,
tivemos como base documental as questões das provas, uma apostila e dois materiais
didáticos públicos de Sociologia. Já para a sustentação teórica de nossa
análise, contamos com LEFFA (2012). Realizamos, no decorrer do processo, a
abordagem quantitativa e qualitativa das questões presentes, tanto nas provas
classificatórias quanto nos demais materiais. E constatamos que o melhor nível
de exigência se encontra no material didático apostilado do curso preparatório,
principalmente no que diz respeito à interpretação, tal como é exigida nas
avaliações em larga escala.
Palavras-chave: Vestibular
UFPR; ENEM; Ciências Sociais; Ensino Médio; Educação Básica.
1. INTRODUÇÃO
Partiremos
da análise de materiais didáticos e processos avaliativos em Sociologia para refletir
sobre a preparação dos estudantes quanto às questões de Ciências Sociais no
ENEM e vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR), principalmente na
preparação dos estudantes para tais avaliações objetivas, em relação aos
critérios de acertos. Serão considerados os processos avaliativos de 2018-2019
e 2019-2020 (UFPR) e 2018 a 2019 (ENEM).
Trata-se
de investigação estabelecendo relações entre os conteúdos cobrados dos
estudantes, as diferenças entre os dois processos e como as mudanças promovidas
pela UFPR, desde 2018, passaram a exigir mais dedicação dos candidatos às
Ciências Sociais. Nesse ano a UFPR incluiu a disciplina de Ciências Sociais
(Ciência Política, Antropologia e Sociologia) na primeira fase do vestibular,
com referências bibliográficas específicas para a prova.
Neste
sentido discutiremos a influência direta ou não na organização materiais públicos
e dos cursos pré-vestibulares com base em ambos os processos avaliativos. Sendo
assim, compreenderemos o nível de adequação dos materiais ofertados aos
estudantes para preparação adequada aos processos avaliativos do fim do Ensino
Médio. As características do ENEM e da prova da UFPR têm semelhanças e
diferenças quanto ao estilo das questões, principalmente na indicação dos temas
cobrados diretamente na prova: UFPR indica e ENEM não. Para compreender a
maneira pedagógica e didática como os estudos são encaminhados, estudaremos as
referidas provas, bem como os materiais de Sociologia de um curso
pré-vestibular e dois livros didáticos públicos.
Considerando a ênfase dada nos
cursos pré-vestibulares ao material didático, o qual normalmente é apostilado e
robusto. Basicamente se trata de todo conteúdo do ensino médio distribuído ao
longo do ano letivo, que normalmente devido aos vestibulares, vai até setembro.
Ou seja, isso torna a carga horária maior e a quantidade de conteúdo/exercícios
extenuante. Juntamente temos carga enorme de simulados, redações, monitorias e
aulas especiais. Destaca-se nesse tipo de material apostilado a grande
quantidade de conteúdos revistos para os processos seletivos de entrada nas
Universidades e a grande quantidade de atividades. Resolvemos investigar o
diferencial desses materiais didáticos: apostilas de pré-vestibular e terceirão[1] em relação aos livros
didáticos públicos, visto que a procura de estudantes oriundos da educação
pública é grande nesse ano do Ensino Básico. E nas Ciências Sociais ocorre o
mesmo?
Ao refletir sobre o papel da
Sociologia no Ensino Médio, temos entre os professores, uma ideia de discussão
do cotidiano, desnaturalizando-o. Fazendo isso apresentando e estudando teorias,
temáticas consagradas, autores e conceitos. Ao ingressar paulatinamente no
ensino médio durante a primeira década do século XXI[2], a Sociologia ganhou mais
status ao ser inserida em vestibulares e quando o ENEM passou a selecionar
candidatos para as vagas em grandes universidades do país a partir de 2009. Um
ponto interessante, definidor de conteúdo, é que esses processos seletivos, bem
como os materiais didáticos desde o primeiro ano do Ensino Médio não apresentam
apenas o componente curricular Sociologia. Tratam também de Ciência Política e
da Antropologia. Isso se deu porque ao apresentar o projeto de lei, que inseria
Ciências Sociais no currículo do Ensino Médio, o deputado Padre Roque (MEUCCI,
2015) tratou a Sociologia como ciência que inclui as demais (Antropologia e
Ciência Política).
Quando nos deparamos com o
terceiro ano do ensino médio e a preparação para o vestibular, momento delicado
de organização curricular, em que há a revisão do conteúdo do Ensino Médio, bem
como inclusão de temas apontados pelos vestibulares, no caso da UFPR. Como
estudantes, com grande carga horária de estudos e enorme quantidade de conteúdo,
podem se preparar melhor para as provas que envolvem Ciências Sociais?
O material didático de um
curso preparatório serviu como base de análise, bem como as provas do ENEM e
UFPR. O material didático ou apostila é basicamente a distribuição do conteúdo
básico de Antropologia, Ciência Política e Sociologia, juntamente com muitos
exercícios. Desses últimos a maioria objetiva de vestibulares de diversos
lugares do Brasil e do ENEM. Para efeito de comparação foram escolhidos os
livros didáticos públicos indicados pela UFPR como referência básica para o
vestibular 2020/2021[3]: Tempos modernos,
tempos de sociologia (2016) e Sociologia em Movimento (2013). Tais
livros foram selecionados porque serão usados para produzir questões da
primeira e segunda fase do vestibular citado.
Chamou atenção no material
didático apostilado a grande quantidade de exercícios, avaliações e simulados.
E como é dado ênfase, didaticamente, a esse procedimento para a preparação
efetiva diante das avaliações classificatórias do fim de cada ano letivo.
Diante dessa orientação didático-pedagógica nos debruçamos sobre esta
metodologia que exige do aluno muita leitura para compreensão e interpretação
dos exercícios propostos. Como o conteúdo é muito extenso, percebemos a ênfase
na execução das atividades dentro dessa metodologia didática.
2. COMPREENSÃO
E INTERPRETAÇÃO NO USO DE MATERIAL DIDÁTICO
Levando em conta que a
discussão fundamental sobre as questões do ENEM ou UFPR não é exatamente o
conteúdo. Porque os dois sistemas de avaliação têm diferentes maneiras de
inserir e produzir temáticas e conteúdo. Enquanto na UFPR a bibliografia é
indicada, o ENEM tem como referência a BNCC. Tampouco podemos medir os
conteúdos na UFPR, que começou a indicar referências e incluir Ciências Sociais
na primeira fase em 2018 – indicou seis referências em 2018 e o mesmo número em
2019, sendo que usou apenas cinco excertos em cada prova. Cada questão um texto
diferente. No caso da UFPR apenas um livro foi repetido de um ano para outro[4]. Portanto análises como a
seguir, publicadas no Guia do Estudante (2019) não serão consideradas[5].
·
Sociologia contemporânea (28,6%)
·
Cidadania (14,3%)
·
Cultura e educação (14,3%)
·
Política, poder e Estado (14,3%)
·
Capitalismo (7,1%)
·
Economia e sociedade (7,1%)
·
Indústria cultural (7,1%)
·
Max Weber (3,6%)
·
O mundo globalizado (3,6%)
Em relação aos livros
didáticos públicos analisados, Tempos modernos tempos de sociologia e Sociologia
em movimento[6], tais assuntos são
incluídos, bem como outros considerados importantes para aprendizado no Ensino Médio
de acordo com a Base Nacional Curricular Comum (BNCC). Além desses livros serem
volume único para o ensino médio, há outra diferença na sua organização
didática: poucas atividades interpretativas voltadas às provas de larga escala.
Como não investigamos es estratégias e metodologias de ensino dos professores
usuários desse material, tampouco as sugestões apresentadas nos materiais, é
impossível nos posicionarmos em relação a eficácia ou não desse material no
processo de ensino-aprendizagem. Reiterando que nosso objetivo é discutir a
preparação para as provas da UFPR e ENEM.
Tabela 01
Coleção Didática
|
Capítulos
|
Objetivas / média por cap.
|
Discursivas[7] / média por cap.
|
Tempos Modernos, Tempos de Sociologia
|
24[8]
|
90 / 3,75
|
171 / 7,125
|
Sociologia em movimento
|
15[9]
|
30 / 2
|
88 / 5,86
|
Sociologia – AZ Escolas em Rede[10]
|
30[11]
|
304 / 10,13
|
44 / 1,46[12]
|
Considerando os números acima,
a carga horária dedicada às atividades voltadas aos processos seletivos é bem
maior na apostila do curso preparatório. Média de dez questões por capítulo,
maior número de capítulos, indicam ao estudante a necessidade de se aprimorar
nessas questões de caráter interpretativo de textos teóricos, informativos,
infográficos, charges, etc. O foco do material didático público sem dúvida é a
compreensão. E isso tem destaque nos vestibulares e ENEM, principalmente nas
redações e questões discursivas. Esta última na segunda fase da UFPR.
Os assuntos são importantes e
amplos, bem como os autores estudados. Neste sentido os conteúdos devem ser
desenvolvidos de acordo com as exigências das avaliações, as quais levam em
conta também alto nível de interpretação e compreensão. Sendo comum na
estratégia de produção de questões, a intenção de medir a capacidade de interpretação
delas, além da compreensão dos temas desse componente curricular. Sendo assim,
os conteúdos amplamente difundidos nas Ciências Sociais são apresentados e
estudados no Ensino Médio, mas deve se levar em conta o desenvolvimento da
capacidade de interpretação dos estudantes. Portanto, a interpretação,
necessária para resposta de questões objetivas, deve ser o instrumento desenvolvido
nas atividades preparatórias. Porque esse é o ponto comum nas avaliações de
larga escala. O conteúdo é importante, e tão importante quanto, é a capacidade
de interpretação de tema, autores, teorias e conceitos. A qual se dá
aprimorando a capacidade de respostas corretas de diversos exercícios.
Precedida, necessariamente, da compreensão dos conteúdos apresentados.
Nesse sentido a estrutura das
questões e a profundidade dos estudos sociológicos para os estudantes, que têm
muito conteúdo a ser estudado de outros componentes curriculares, devem ser
equilibrados. Como se tratam de provas classificatórias e eliminatórias, os
estudos preparatórios devem focar nas duas competências necessárias:
compreensão e interpretação. CONCEITO (compreensão) e INTERPRETAÇÃO serão as
referências para a análise das questões. O conceito se refere à importância da
compreensão de ideias, teorias, postulados e paradigmas de autores ou temas. Enquanto
a interpretação além dos estudos diretos da Sociologia, Antropologia ou Ciência
Política (Ciências Sociais), necessita o entendimento do sentido do texto do
autor. A interpretação do comando da questão que orientará a profundidade e
dificuldade necessária na avaliação do estudante.
Segundo LEFFA (2012) compreensão
e interpretação exigem instrumentos diferentes de aprendizado. Compreender é
juntar (leitor e texto), num processo que envolve contextos diferentes, ou
seja, circunstâncias distintas, cada um com seu mundo, experiências e
competências prévias. Os estudos devem encaminhar os vestibulandos a
compreender Ciências Sociais., em relação aos diversos conteúdos, usando
diversas estratégias: leituras de diferentes gêneros, intertextualidade,
comparação etc. Segundo LEFFA (2012), são necessárias para compreensão, as
seguintes competências:
·
Tradução do código (conhecimento linguístico);
·
Montagem do quebra-cabeças (conhecimento
composicional: semântica, sintática e conexão de texto com frases, parágrafos,
gráficos, imagens, etc. E até intertextualidade;
·
Evocação do saber construído. Conhecimento
prévio científico do gênero textual e do assunto abordado, bem como das
condições de produção (autor citado, época, veículo de divulgação, etc.);
·
Estratégias (gerenciar a leitura, inclusive
quanto às falhas que podem ocorrer).
LEFFA,
completa o último item, afirmando:
Um aspecto importante
do planejamento estratégico é o monitoramento feito pelo leitor do que está
sendo lido e as medidas que são tomadas para corrigir as falhas de compreensão
quando elas ocorrem. Algumas das medidas que podem ser tomadas pelo leitor incluem,
por exemplo: ignorar momentaneamente a falha e ir adiante, esperando que o
problema acabe se resolvendo; reler o segmento com mais atenção, buscando algum
elemento novo que tenha escapado na primeira leitura; tentar fazer, com suas
próprias palavras, uma paráfrase do que leu; buscar informações complementares
em outras fontes, como dicionários, enciclopédias, resenhas de filmes, vídeos
explicativos de como fazer, livros didáticos, etc. O leitor sente que precisa
criar em sua mente um conhecimento novo, uma espécie de âncora que possibilite
fazer a conexão com o que está sendo lido. (LEFFA, 2012, p. 259)
Portanto, a compreensão é uma
experiência prévia antes da interpretação exigida nos itens das provas.
Quanto a interpretar, podemos
afirmar que é tirar de dentro, ou seja, encontrar os sentidos do texto
construídos pelo autor. Leitura de mão única chega à interpretação da questão
numa prova. Na interpretação de texto podem ser usadas paráfrases, réplicas e
procedimentos dialéticos. Considerando os modelos avaliativos em questão, a
intepretação usando procedimento dialético é melhor para questões do nível
estudado neste artigo. Segundo LEFFA (2012),
pode também ser trabalhada como um procedimento
pedagógico de indução ao conhecimento, feito por meio de perguntas, tanto
abertas como fechadas, a que estamos dando aqui o nome de interpretação como
procedimento dialético. Enquanto na interpretação como réplica, a interlocução
se dá com o autor, na interpretação como procedimento dialético, à semelhança
da maiêutica socrática, as perguntas são dirigidas ao leitor, que tentará
buscar as respostas dentro de si, tentando resolver paulatinamente as
contradições que possam surgir no sequenciamento dessas perguntas. (p. 265)
A interpretação de texto é
proposta pelo autor da questão. A mediação está na pergunta ou encaminhamento
da resposta correta ou incorreta, em poucos casos esta última. Quando se produz
a questão o objetivo é fazer com que o leitor (candidato) consiga interpretar a
chegar na única alternativa possível diante do enunciado. Ainda segundo LEFFA
(2012):
Interpretação dialética, como está sendo
proposta aqui, propicia uma aprendizagem mais colaborativa do que o uso
monológico da paráfrase. Enquanto na paráfrase, o intérprete substitui o texto,
na dialética o intérprete se coloca entre o texto e o aluno, propiciando uma
construção coletiva da compreensão, evolvendo o texto, o intérprete e o aluno.
Há também uma intervenção planejada com as quatro competências da compreensão: (1)
ajuda na tradução do código, (2) na montagem do quebra-cabeça, (3) na evocação
do saber construído e (4) no planejamento estratégico. (p. 267)
Basicamente as aulas de
sociologia devem buscar a compreensão dos temas, conceitos e autores, bem como
teorias E as provas de sociologia nas seleções de larga escala (ENEM e UFPR)
privilegiam a interpretação, mas para isso é necessário compreensão:
Em suma, vê-se a interpretação como uma
atividade consciente, que, ao mesmo tempo em que alimenta a compreensão, sugerindo
possíveis conexões, também se alimenta, cresce e se desenvolve a partir dela,
explorando as conexões que já existem, pelo menos como potencialidade. A
compreensão, por outro lado, é vista como uma camada subterrânea, invisível e
impregnada de conexões possíveis. Usando uma metáfora, podemos dizer que a
compreensão, embora esteja situada abaixo do nível da consciência, reúne a
força, a energia e a fertilidade do húmus que faz brotar a atividade consciente
da interpretação. (LEFFA, 2012, p. 267-8)
Considerando as quatro
avaliações nos últimos dois anos foi possível chegar a esse quadro relativo
apenas as questões objetivas de ciências Sociais. Destacando que a UFPR tem cinco
questões por prova e o ENEM varia esse número. E este último ainda tem questões
que envolvem mais de um componente curricular simultaneamente. Foram usadas as
expressões + conceituais e + interpretativas porque, apesar de
precisar das ferramentas de compreensão em ambas bem com interpretação,
destaca-se mais um aspecto em detrimento a outro. Nas questões conceituais há
destaque para o conhecimento prévio em Ciências Sociais. Em todas as avaliações
é fundamental o preparo para compreensão e interpretação. Estratégias de língua
portuguesa são imprescindíveis, bem como conhecimentos prévios. Mas no bloco
destacado como questões + conceituais, a dificuldade científica de
teorias, temas e autores é destacada. E nesse sentido, as questões chamadas de +
interpretativas exigem apenas leitor atento e acostumado com esse modelo.
Tabela 02
Prova / Ano
|
Questões de Ciências Sociais
|
Questões + Conceituais
|
Questões + Interpretativas
|
UFPR 2018/2019[13]
|
5
|
2
|
4
|
UFPR 2019/2020
|
5
|
1
|
4
|
ENEM 2018
|
7
|
3
|
4
|
ENEM 2019
|
12
|
5
|
7
|
Totais
|
29
|
11
|
19
|
O
conhecimento prévio das Ciências Sociais é fundamental para o sucesso nessas
avaliações em larga escala. Considerando que as questões mais difíceis foram as
+ conceituais. No ENEM o peso delas foi maior, já na UFPR, as questões
não têm peso maior, prova classificatória pelo número de acertos das questões
propostas (90 questões). Ambas as provas exigem muito preparo e esse preparo
ocorre tanto nas aulas presenciais, leituras e realização de atividades e
simulados, com questões objetivas.
O material didático usado para
análise, produzido pela REDE AZ, foi fornecido aos estudantes pelo curso em analisado
em Curitiba. Trata-se de material que traz o conteúdo exigido pelo ENEM, que
também é indicado pela UFPR. É importante destacar que a carga de exercícios é
grande, são 30 capítulos de Sociologia, Antropologia e Ciência Política no
decorrer do ano letivo[14]. Cada um com em torno de
15 exercícios (pelo menos 10 objetivos) de diversos vestibulares do Brasil e
ENEMs, além de prova objetiva (on-line) com 5 questões que mapeia as
dificuldades dos alunos. Também há seis simulados UFPR (quatro de primeira fase
e dois de segunda fase) e quatro simulados ENEM.
Para analisar esse processo foi
considerada abordagem quantitativa e qualitativa do material a ser analisado. Foi
necessário quantificar os itens das avaliações de larga escala, bem como as
sugeridas nos materiais didáticos analisados. Posteriormente a análise
qualitativa, de acordo com LEFFA, para compreender o nível de exigência de cada
pergunta, considerando o nível de interpretação e compreensão de acordo com
aquele autor. Primeiramente foram selecionadas as questões do ENEM, visto que
elas estão misturadas randomicamente na prova. Depois analisadas conjuntamente
com a da UFPR, as quais, na prova, são apresentadas separadamente.
Outrossim, apesar de envolver
provas diferentes e anos distintos, a análise não foi comparativa, mas
considerou interpretativamente, com base em LEFFA, a formulação das questões e
o tipo de orientação possível para produção de material didático aos candidatos
às provas em anos seguintes.
Trata-se de pesquisa
documental, em que os livros didáticos públicos, a apostila e as quatro provas
classificatórias foram a base da análise. Com base na quantificação dos dados
foram construídas duas tabelas. Uma quantitativa com número de atividades
propostas nos materiais didáticos, que destaca a ênfase nos exercícios do
material apostilado. E uma tabela com análise qualitativa dos dados, sobre
interpretação e compreensão. E nessa verificamos o destaque a questões com base
interpretativa.
Com
base nesses estudos considera-se que, alunos e alunas, são preparados para
compreender e interpretar: lendo, esquematizando, estudando, discutindo e
analisando conhecimentos teóricos, metodológicos, conceituais que ajudam na compreensão
de vários gêneros textuais. Bem como fazendo exercícios, de interpretação dos conteúdos
curriculares das Ciências Sociais, por meio de diversos tipos de atividades
propostas.
3. CONSIDERAÇÕES
FINAIS
.
Como estudantes, com grande carga horário de estudos e enorme quantidade de
conteúdo, podem se preparar melhor para as provas que envolvem Ciências
Sociais? Comparativamente, enquanto em dois livros didáticos públicos
analisados há ênfase na compreensão, no material do curso analisado há ênfase
na interpretação. É possível afirmar isso porque os livros, Sociologia em
Movimento e Tempos Modernos: Tempos de Sociologia, há no máximo 3
questões objetivas por capítulo. E maior quantidade de discursivas, inclusive
sugerindo pesquisa, debates e redações.
Além da prioridade na
compreensão, os livros didáticos públicos, são volumes únicos, ou seja, para as
três séries do Ensino Médio. Considerando isso a carga de exercícios e
simulados de um estudante do curso preparatório é muito superior. A quantidade
de atividades de um estudante do curso privado de um capítulo é superior à
quantidade de exercícios de um ano letivo de um estudante que usa o livro
público.
A carga maior de exercícios
prepara melhor os vestibulandos que usam material didático com essa
característica: questões que exigem interpretação. Porque a interpretação,
fundamental para realização das questões objetivas, seja da UFPR ou ENEM, é a
capacidade de entender o que o autor expressou. Portanto, é a ferramenta
básica, para responder questões desses processos avaliativos.
Claramente, o material
proposto pelo curso, objeto deste artigo, foi produzido com foco para
preparação para vestibulares e ENEM. Enquanto os livros didáticos foram
produzidos objetivando formação mais ampla, voltada aos três anos do Ensino
Médio. Esses últimos não foram organizados para preparar para provas extensas e
interpretativas como ENEM e vestibular da UFPR. Sendo assim, o material
apostilado é superior aos materiais públicos analisados, quando se trata de
enfrentamento de provas de larga escala como ENEM e Vestibulares.
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BEZERRA,
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Provas
ENEM
2018:
ENEM
2019
UFPR
2018/2019
UFPR
2019/2020
ANEXOS
Comentário geral das questões a seguir: prova dentro
do conteúdo, exclusivamente dos livros. Mas distratores longos, prova
cansativa. A indicação número 4 (Lévis-Strauss) não foi utilizada nas questões.
A interpretação de textos foi privilegiada.
UFPR 2018/2019 – As obras relacionadas abaixo serão utilizadas
para as questões tanto da primeira fase (prova objetiva) quanto da segunda
(prova discursiva):
1. DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São
Paulo: Boitempo, 2016;
2. LARAIA, Roque. Cultura. Um Conceito
Antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2001;
3. LEBRUN, Gérard. O que é poder. São Paulo:
Brasiliense, 2004;
4. LÉVI-STRAUSS, Claude. Raça e História. In:
Antropologia Estrutural II. São Paulo: UBU, 2017;
5. MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. 21ª edição.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998;
6. MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto
comunista. São Paulo: Boitempo, 2005.
|
Questão 78. Quando se conquistam Estados habituados a
reger-se por leis próprias e em liberdade, há três modos de manter a sua
posse: primeiro, arruiná-los; segundo, ir habitá-los; terceiro, deixá-los
viver com suas leis, arrecadando um tributo e criando um governo de poucos,
que se conserve amigos. [...] Quem se torna senhor de uma cidade
tradicionalmente livre e não a destrói será destruído por ela. Tais cidades
têm sempre por bandeira, nas rebeliões, a liberdade e suas antigas leis, que
não esquecem nunca, nem com o correr do tempo, nem por influência dos
benefícios recebidos. Por muito que se faça, quaisquer que sejam as
precauções tomadas, se não se promovem o dissídio e a desagregação dos
habitantes, não deixam eles de se lembrar daqueles princípios e, em toda
oportunidade, em qualquer situação, a eles recorrem [...]. Assim, para
conservar uma república conquistada, o caminho mais seguro é destruí-la ou
habitá-la pessoalmente. (MAQUIAVEL, N. O príncipe. São Paulo: Abril Cultural,
1983, p. 21-22.)
Com
base nessa passagem, extraída da obra O Príncipe, de Maquiavel, assinale a
alternativa correta.
|
►a)
O poder emanado do príncipe deve ter a capacidade de não apenas levar a cabo
os planos de expansão de seu próprio governo, mas sobretudo criar condições
para que esse poder mantenha-se de forma plena e garanta a legitimidade da
própria dominação.
b)
A passagem refere-se em especial às repúblicas que ainda não passaram por um
processo de amadurecimento de suas instituições democráticas. Repúblicas que
dependem de orientação externa e de outras nações na formação da sua própria
identidade política, a fim de suplantar o ódio típico dessas repúblicas.
c)
Para Maquiavel, “habitar” a república conquistada é uma possibilidade mais
condizente com a posição do Príncipe. Considerando que o autor tinha laços
com o pensamento humanista, “destruir” uma república conquistada implicaria
lançar mão da força militar, com a qual Maquiavel não concordava.
d)
No mundo moderno e contemporâneo, o Príncipe, garantidor da ordem e da
segurança pública, pode e deve intervir com o argumento de preservar as
instituições democráticas e republicanas, mesmo que para isso seja necessário
o uso da força.
e)
O Príncipe pode, por meio de pleito eleitoral, plebiscito ou consulta
popular, agir em nome do povo e garantir a soberania de seu Estado. Pode
invadir as nações que coloquem em risco a sua própria liberdade. Pode
combater o ódio das outras repúblicas, e que essa nação seja destruída ou
habitada pelo Príncipe, a fim de assegurar a ordem democrática.
|
|
Necessária a leitura atenta dos distratores
que levavam a conceitos equivocados. A ideia do autor é o Príncipe sempre
manter o poder. A compreensão da obra ajudaria na resposta, mas uma boa interpretação
também levaria à alternativa correta.
|
Questão 79. Sobre a questão do etnocentrismo, Roque de
Barros Laraia escreve que “o fato de o indivíduo ver o mundo através de sua
cultura tem como consequência a propensão em considerar o seu modo de vida
mais correto e o mais natural. Tal tendência, denominada etnocentrismo, é responsável
em seus casos extremos pela ocorrência de numerosos conflitos sociais. O
etnocentrismo, de fato, é um fenômeno universal. É comum a crença de que a
própria sociedade é o centro da humanidade, ou mesmo sua única expressão.
[...] A dicotomia ‘nós e os outros’ expressa em níveis diferentes essa
tendência. Dentro de uma mesma sociedade, a divisão ocorre sob a mesma forma
de parentes e não parentes. Os primeiros são melhores por definição e recebem
um tratamento diferenciado. [...] Comportamentos etnocêntricos resultam
também em apreciações negativas dos padrões culturais de povos diferentes.
Práticas de outros sistemas culturais são catalogadas como absurdas,
deprimentes e imorais”. (LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito
antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2001, p. 73-74.)
Em
resumo, Laraia tenta nos mostrar que:
|
Questão 80. No livro Mulheres, raça e classe, Angela
Davis perfaz um caminho histórico e social da luta das mulheres nos Estados
Unidos e como diferentes movimentos e campanhas possibilitaram a construção
dos direitos e das pautas políticas de gênero naquele país. Numa das
passagens da obra, em que aborda as campanhas pelo direito ao aborto, Davis
afirma que “o controle de natalidade – escolha individual, métodos
contraceptivos seguros, bem como abortos, quando necessário – é um
pré-requisito fundamental para a emancipação das mulheres. [...] E se a
campanha pelo direito ao aborto do início dos anos 1970 precisava ser
lembrada de que mulheres de minorias étnicas queriam desesperadamente escapar
dos charlatões de fundo de quintal, também deveria ter percebido que essas mesmas
mulheres não estavam dispostas a expressar sentimentos pró-aborto. Elas eram
a favor do direito ao aborto, o que não significava que fossem defensoras do
aborto. Quando números tão grandes de mulheres negras e latinas recorrem a
abortos, as histórias que relatam não são tanto sobre o desejo de ficar
livres da gravidez, mas sobre as condições sociais miseráveis que as levam a
desistir de trazer novas vidas ao mundo”. (DAVIS, Angela. Mulheres, raça e
classe. São Paulo: Boitempo, 2016, p. 219-220.)
Com
base no texto, é correto concluir que:
|
a)
o etnocentrismo é um conceito amplamente difundido nas ciências humanas, mas
incapaz de explicar de forma pormenorizada a construção das identidades
nacionais, das práticas culturais e as relações formadas pelo “estranhamento”
do contato entre diferentes grupos sociais. Afinal, quem dispõe dos
instrumentos de análise pode escolher, conforme seus critérios próprios, como
catalogar o outro.
b)
a cultura tem um papel fundamental na elaboração de visões de mundo, e que o
problema maior em considerar o etnocentrismo está no fato de que esse
conceito não possui uma perspectiva cultural, mas apenas política, muito
embora o autor não deixe claro essa contradição, já que ele próprio é
etnocêntrico.
►c)
um dos pontos centrais que define o etnocentrismo, conceito amplamente
difundido nos estudos antropológicos, é compreender como determinadas
práticas culturais constituídas pelo “estranhamento” se tornam elementos
fundamentais na construção das identidades de grupo, comunitárias,
societárias e nacionais. Identidades que, por sua vez, estruturam-se por
distinção, em que o observador assume para si e seu grupo a centralidade
cognitiva.
d)
para entendermos o real significado do etnocentrismo nas culturas ocidentais,
será necessário pressupor que a dicotomia entre o “nós e os outros” é um
aspecto que deve ser superado por todos que desejam construir uma visão
genuinamente etnocêntrica.
e)
não há problema em observar, agir e interagir a partir da seus próprios
referenciais culturais. O conceito de etnocentrismo possui certa
legitimidade, pois resguarda na centralidade cultural aquilo que uma raça tem
de mais puro quando confrontada com outra.
|
a)
o feminismo e as pautas antiaborto foram fundamentais para se pensarem novas
políticas públicas de controle de natalidade nos Estados Unidos. Ao mesmo
tempo, a legislação moderna também propiciou que os movimentos das mulheres
em busca de emancipação social fossem protegidos pelo Estado.
►b)
a despeito dos movimentos organizados que buscavam constituir a emancipação
social das mulheres, a grande questão de fundo era e continua sendo não
colocar-se contra ou a favor do aborto, mas de possibilitar que o direito ao
aborto fosse extensivo às mulheres em condições de vulnerabilidade social, a
ponto de as impedir de “trazer novas vidas ao mundo”.
c)
as campanhas pró-aborto receberam apoio amplo da sociedade norte-americana e
a sua prática obteve repercussão, já que até mesmo as mulheres de minorias
étnicas conquistaram esse direito, adotando o aborto como método
contraceptivo mais eficaz.
d)
Angela Davis remete a um aspecto preciso na formação social norte-americana:
as mulheres sempre tiveram os mesmos direitos que os homens e nunca houve
qualquer forma de distinção por gênero nos Estados Unidos, já que a
constituição daquele país é respeitada e protege a todos e todas de forma
equânime.
e)
embora o livro Mulheres, raça e classe tenha pertinência ao tratar de temas
sobre a formação das minorias de gênero, raça e classe e, sobretudo nos
Estado Unidos, é uma obra que repercute de forma instigante os temas
presentes na década de 1970, tendo pouca relação com o contexto atual de luta
por direito das mulheres no cenário global.
|
O autor não é etnocêntrico e essa postura
elabora identidade de grupos sim. Levando o povo que se coloca no centro a
entender o mundo apenas sob sua perspectiva. Conceito fundamental na
antropologia, a compreensão do etnocentrismo daria conta de indicar a
resposta correta.
|
Colocar a discussão do aborto em nível de
classe e raça também é importante. Não se trata apenas de ser contra ou a
favor, mas de garantir a escolha diante da crueldade das condições sociais.
Questão que a interpretação daria conta da resposta correta.
|
Questão 81. Em 1848, Karl Marx e Friedrich Engels publicaram
o Manifesto Comunista. Segundo seus autores, “a burguesia desempenhou na
História um papel iminentemente revolucionário. Onde quer que tenha
conquistado o poder, a burguesia destruiu as relações feudais, patriarcais e
idílicas. Rasgou todos os complexos e variados laços que prendiam ao homem
feudal e seus superiores naturais, para só deixar subsistir, de homem para
homem, o laço do frio interesse. [...] Fez da dignidade pessoal um simples
valor de troca; substituiu as numerosas liberdades, conquistadas duramente,
por uma única liberdade sem escrúpulos: a do comércio. Em uma palavra, em
lugar da exploração dissimulada por ilusões religiosas e políticas, a
burguesia colocou uma exploração aberta, direta, despudorada e brutal. [...]
Tudo o que era sólido e estável se desmancha no ar, tudo o que era sagrado é
profanado e os homens são obrigados finalmente a encarar sem ilusões a sua
posição social e as suas relações com outros homens”. (MARX, Karl; ENGELS,
Friedrich. O manifesto comunista. São Paulo: Boitempo, 2001, p. 42-43.)
Com
base nessa passagem de O Manifesto Comunista, assinale a alternativa correta.
|
Questão 82. Escreve Gerard Lebrun: “Com efeito, o que é
política? A atividade social que se propõe a garantir pela força, fundada
geralmente no direito, a segurança externa e a concórdia interna de uma
unidade política particular (conforme descreve Julien Freund em Qu’estce que
la Politique). Não é dogmaticamente que eu proponho esta definição (outras
são possíveis), mas simplesmente para ressaltar que, sem o uso da noção de
força, a definição seria visivelmente defeituosa. Se, numa democracia, um
partido tem peso político, é porque tem força para mobilizar um certo número
de eleitores. Se um sindicato tem um peso político é porque tem força para
deflagrar uma greve. Assim, força não significa necessariamente a posse de
meios violentos de coerção, mas de meios que permitam influir no
comportamento de outra pessoa. A força não é sempre (ou melhor, é
raríssimamente) um revólver apontado para alguém”. (LEBRUN, Gerard. O que é
poder. São Paulo: Brasiliense, 1981, p. 04.)
Qual
é a relação entre força e política expressa pelo autor nesse excerto?
|
a)
Marx e Engels demonstram uma grande empatia pela classe burguesa, na medida
em que ambos possuíam origem social nessa classe. Entendem também que o
proletariado cumpriu um papel importante na construção das sociedades
capitalistas, mas que não o fariam de modo pleno sem a existência da
burguesia e seus intelectuais, que forneciam as diretrizes necessárias para o
desenvolvimento do capitalismo.
b)
Para os autores, não haveria outra possibilidade de a burguesia revolucionar
os meios de produção, por conseguinte, as relações de produção, que não fosse
pelo modelo instituído pela Revolução Francesa, ocorrida em 1848. Daí a
importância do Manifesto Comunista, escrito no mesmo ano, o que demonstra que
Marx e Engels concordavam com os ideais comunistas da Revolução Francesa.
c)
Quando Marx e Engels escrevem que “tudo o que era sólido e estável se
desmancha no ar, tudo o que era sagrado é profanado e os homens são obrigados
finalmente a encarar sem ilusões a sua posição social”, atestam quanto a
revolução burguesa, com auxílio dos comunistas soviéticos, estava travando
uma luta contra a igreja cristã ocidental.
d)
Há muito, frações da burguesia e partidos de orientação comunista no
continente europeu estavam associados numa campanha contra os valores
modernos, cristãos e ocidentais. A revolução da burguesia descrita por Marx e
Engels em O Manifesto Comunista já defendia o Estado totalitário e o fim das
liberdades individuais, que, mais tarde, iriam resultar na formação de
partidos políticos de extrema-esquerda, como o Partido Nacional Socialista
dos Trabalhadores Alemães, também conhecido como Partido Nazista.
►e)
De acordo com Marx e Engels, a burguesia, enquanto nova classe social que
emerge no mundo moderno, trouxe consigo uma série de elementos que não apenas
denunciaram os aspectos arcaicos das sociedade antigas, suas formas
arquetípicas de dominação, seu primitivismo religioso e sua ineficácia
política, como também apresentaram a modernidade como novo projeto de
sociedade, retirando os indivíduos de sua passividade social e lançando-os no
processo histórico de desenvolvimento de suas relações de produção.
|
a)
Não há relação direta entre força e política, pois nenhuma se apresenta como
componente essencial que permita explicar as diferentes formas de exercício
do poder.
b)
A política e a força anulam-se enquanto categorias que pretendem explicar as
diferentes noções de poder hoje existentes. O poder, por sua vez, é formado
exclusivamente pela força, seja militar ou civil, pois ele é manifestação
simbólica das estruturas de repressão.
c)
Significa afirmar que as estruturas de poder instrumentalizam a força e a
política como forma de manter um determinado modelo de governança. A relação
entre elas se dá nessa condição: força e política só existem, de fato, quando
as estruturas de poder, ou seja, o governo, considera tais estruturas
necessárias para a manutenção de uma determinada ordem institucional
repressiva.
►d)
Força e política não são conceitos excludentes ou contrários. Para que a
política seja exercida, é necessária uma capacidade de mobilização,
consentimento e construção de hegemonia por quem deseja agir politicamente.
Assim, a força implica o poder de que se dispõe na construção de maiorias
políticas.
e)
A relação entre política e força se expressa na destituição do poder e na
construção das resistências nos movimentos sociais e nos sindicatos. A
política e a força física são instrumentos usualmente presentes na militância
partidária como forma de questionar o exercício do poder.
|
Questão de interpretação na qual a
leitura e compreensão prévias dos conceitos marxistas levaria a mais
segurança na alternativa correta. A burguesia racionalizadora da sociedade
apresentou um novo modelo social. Retirando os sujeitos da passividade, e da
tutela religiosa. Promovendo individualismo de um novo modelo social.
|
Questão difícil pelos distratatores. Interpretação
e conceitos aprendidos previamente bem equilibrados. Os mais cuidadosos
diriam que essa questão tem uma crítica política atual. Força não é
necessariamente usar a violência ou coerção. Força pode ser a capacidade de
dominação ou de fazer mobilizações da maioria. “Três elementos conceituais
compõem a ideia de poder: potência
(capacidade de fazer); força
(canalização da potência ao ato) e, finalmente segundo Weber, a probabilidade
de que uma ordem seja seguida por um grupo específico: dominação. ” (Adaptado de LEBRUN, Gérard. O que é Poder. São Paulo: Círculo do Livro, Vol. 8, p. 134).
|
Comentário geral da prova a seguir: totalmente
dentro do esperado conforme indicação de leituras. Questões de níveis
diferenciados. Exigia boa leitura. Questões longas, em que a interpretação foi
fundamental. Foram usados todos autores indicados, apenas o capítulo 9 do
Giddens ficou de fora.
UFPR 2019/2020 – As obras relacionadas abaixo serão utilizadas
para as questões tanto da primeira fase (prova objetiva) quanto da segunda
(prova discursiva):
1.
GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005. p. 24-37; p.
204-233.
2.
LEBRUN, Gérard. O que é poder. São Paulo: Brasiliense, 2004.
3.
MEAD, Margaret. A adolescência em Samoa. In: CASTRO, Celso. (org.). Cultura e
personalidade: Ruth Benedict, Margaret Mead, Edward Sapir. Rio de Janeiro:
Zahar, 2015. p. 17-65.
4.
RIBEIRO, Darcy. Aventura e rotina. In: ______. O povo brasileiro: a formação e
o sentido do Brasil. SP: Cia das Letras, 1995. p.167-192.
5.
SADEK, Maria Tereza. Nicolau Maquiavel: O cidadão sem fortuna, o intelectual
de virtù. In: WEFFORT, Francisco C. (org.). Os clássicos da política. Vol. 1.
12ª ed. São Paulo: Ática, 1999. p. 11-24.
|
Questão 78. Considere o seguinte excerto do texto
intitulado Adolescência em Samoa, da antropóloga Margaret Mead: Nas partes
mais remotas do mundo, sob condições históricas muito diferentes daquelas que
fizeram Grécia e Roma florescer e declinar, grupos de seres humanos
desenvolveram padrões de vida tão diferentes dos nossos que não podemos
arriscar a conjectura de que iriam chegar algum dia às nossas próprias
soluções. Cada povo primitivo escolheu um conjunto de valores humanos e
moldou para si mesmo uma arte, uma organização social, uma religião, que são
sua contribuição singular para a história do espírito humano. Samoa é apenas
um desses padrões diversos e graciosos, mas, assim como viajante que um dia
se afastou de casa é mais sábio que o homem que nunca foi além da soleira da
própria porta, o conhecimento de outra cultura deveria aguçar nossa
capacidade de esquadrinhar com mais sobriedade, de apreciar mais
amorosamente, a nossa própria cultura. (MEAD, Margaret. Adolescência em
Samoa. In: CASTRO, Celso (org.). Cultura e personalidade: Ruth Benedict,
Margaret Mead e Edward Sapir. Rio de Janeiro: Zahar, 2015, p. 28.) A partir
dessa consideração feita pela autora, é correto afirmar:
|
a)
A antropologia demonstra que as práticas culturais da ilha de Samoa, situada
no Pacífico Sul, foram imprescindíveis na composição dos valores e da visão
de mundo que orientou a formação das sociedades grega e romana.
b)
Uma cultura não ocidental será de extrema importância para os estudos
antropológicos, pelo fato de o isolamento geográfico permitir ao antropólogo
o despojamento de seus referenciais e, por conseguinte, produzir uma ciência
neutra, sem viés ideológico.
c)
O estudo de nossa própria cultura está estreitamente vinculado aos padrões de
sociabilidade das comunidades nativas aborígenes, daí a importância dos
habitantes da ilha de Samoa para os estudos antropológicos no Ocidente.
d)
Samoa constituiu um padrão importante de dinâmica social, e considerá-lo nas
análises antropológicas é constatar que a etnografia precisa ser aprimorada,
a fim de que a história das sociedades primitivas não seja relegada ao
esquecimento com o avanço da civilização.
►e)
Observar as práticas culturais e todo o sistema de valores de uma sociedade
que estruturalmente diferencia-se dos padrões referenciais de quem observa
permite não só compreender as dinâmicas sociais dos grupos observados como
também refletir sobre as categorias de análise que possibilitam a mesma
observação.
|
|
Questão de interpretação, em que o conhecimento conceitual de cultura daria mais segurança ao responder. Mead
define cultura nesse trecho. Trata-se de discussão que retire as ideias
etnocêntricas da teoria da cultura. Vai contra os evolucionistas ao definir
de definir cultura a partir dela mesma não do ponto de vista etnocêntrico.
|
Questão 79. O filósofo Gérard Lebrun, em seu livro
intitulado O que é o poder, discorre sobre diferentes abordagens do conceito
de poder. Na apresentação da obra, tece considerações sobre o binômio
poder/dominação, tendo como referência a obra de Michel Foucault. Escreve
Lebrun: Quando a questão é compreender como foi e continua sendo possível a
resignação, quase ilimitada, dos homens perante os excessos do poder, não
basta invocar as disciplinas e as mil fórmulas de adestramento que, como
mostra Foucault, são achados relativamente recentes da modernidade. Sua
origem e seu sucesso talvez se devam a um sentimento atávico dos deserdados,
de serem por natureza excluídos do poder, estranhos a este – talvez derivem
da convicção de que opor-se a ele seria loucura comparável a opor-se aos
fenômenos atmosféricos. Ainda que o poder não seja uma coisa, ele se torna
uma, pois é assim que a maioria dos homens o representa. É preciso situar a
tese de Foucault dentro de seus devidos limites: o homem condicionado,
adestrado pelos poderes, é o privilegiado, o europeu. Não é o colonizado, não
é o proletário do Terceiro Mundo (assim como não era o proletário europeu do
século XIX). Estes, o poder não pensa sequer em domesticar: domina-os – e
muito de cima. (LEBRUN, Gérard. O que é poder. São Paulo: Brasiliense, 2004,
p. 08.) Com base na reflexão desenvolvida por Lebrun, é correto afirmar que:
|
Questão 80. Considere o seguinte excerto da obra O povo
brasileiro, do antropólogo Darcy Ribeiro: A classe dominante
empresarial-burocrático-eclesiástica, embora exercendo-se como agente de sua
própria prosperidade, atuou também, subsidiariamente, como reitora do
processo de formação do povo brasileiro. Somos, tal qual somos, pela forma
que ela imprimiu em nós, ao nos configurar, segundo correspondia a sua
cultura e a seus interesses. Inclusive, reduzindo o que seria o povo
brasileiro, como entidade cívica e política, a uma oferta de mão-de-obra
servil. Foi sempre nada menos que prodigiosa a capacidade dessa classe
dominante para recrutar, desfazer e reformar gentes aos milhões. Isso foi
feito no curso de um empreendimento econômico secular, o mais próspero de seu
tempo, em que o objetivo jamais foi criar um povo autônomo, mas cujo
resultado principal foi fazer surgir como entidade étnica e configuração cultural
um povo novo, destribalizando índios, desafricanizando negros e
deseuropeizando brancos. Ao desgarrá-los de suas matrizes, para cruzá-los
racialmente e transfigurá-los culturalmente, o que se estava fazendo era
gestar a nós brasileiros tal qual fomos e somos em essência. Uma classe
dominante de caráter consular-gerencial, socialmente irresponsável, frente a
um povo-massa tratado como escravaria, que produz o que não consome e só se
exerce culturalmente como uma marginália, fora da civilização letrada em que
está imerso. (RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do
Brasil. São Paulo: Cia das Letras, 1995. p.178-179.) Levando em consideração
a hipótese do autor, em relação à formação da sociedade brasileira, às
dinâmicas sociais e às formas de dominação, é correto afirmar:
|
►a)
o conceito de poder tem a possibilidade de ser interpretado a partir de
noções como “disciplina” ou “adestramento”, construídas no próprio sujeito,
considerando ao mesmo tempo a natureza estrutural e as condicionantes
macrossociais do poder que orientam os indivíduos à ação social.
b)
as diferentes enunciações do conceito de poder presentes na obra de Foucault
devem levar em consideração a situação dos trabalhadores novecentistas em
países de Terceiro Mundo; do contrário o poder só pode ser entendido como
narrativa dos opressores.
c)
o poder é um fenômeno que prescinde das instituições políticas e sociais para
que se manifeste e, conforme Lebrun, toda forma de poder é uma manifestação
da domesticação e do adestramento do indivíduo para a ação coletiva, tendo
como princípio a vigilância e a punição.
d)
a explicação oferecida por Foucault possui limitações e não corresponde à
realidade das relações de poder existentes no mundo moderno e contemporâneo,
sobretudo quando se destaca a análise do proletariado do Terceiro Mundo.
e)
as relações de poder serão compreendidas em profundidade se assumirmos como
parâmetro de nossas análises os processos de colonização no século XIX e a
opressão ao proletário do Terceiro Mundo.
|
a)
O fortalecimento das elites empresarial, burocrática e eclesiástica se deu
num processo de correlação de forças que visaram, num processo histórico de
longa duração, a constituir um domínio econômico, a partir do qual as classes
inferiores, por não disporem de poder e capital, foram alijadas do processo
de dominação.
b)
A igreja teve papel central na organização da vida colonial e imprimiu um
sentido sagrado à dominação por longo tempo. Sua importância em relação à
burocracia civil e às elites econômicas no Brasil foi de tal maneira
preponderante, que a Inquisição se fez presente como forma de manutenção da
ordem e do domínio dos portugueses sobre nativos indígenas e escravos
africanos.
►c)
As mudanças sociais que ocorreram no Brasil desde sua colonização produziram
um tipo de dominação secular, que associou as elites empresarial, burocrática
e eclesiástica a um processo civilizacional intimamente associado a um estado
de barbárie, em que as camadas subalternas sempre cumpriram um papel marginal
no seu processo emancipação e esclarecimento.
d)
O objetivo principal da cúpula patricial, toda ela oriunda da metrópole, era
formar uma sociedade que fosse capaz de contribuir com a expansão dos limites
territoriais da Coroa Portuguesa. Em contrapartida, essas populações nativas
teriam o direito ao reconhecimento da cidadania lusitana.
e)
O autor frisa que, apesar da dominação severa, ainda assim havia algum senso
de solidariedade por parte das elites empresarial, burocrática e
eclesiástica, sendo esses três grupos sociais responsáveis pela colonização
do Brasil e possibilitando que camadas sociais inferiores, o povo, as massas,
participassem da construção do país, de sua cultura e de sua unidade como
“povo brasileiro”.
|
Questão difícil que exigia boa interpretação do trecho e do livro do
Lebrun. Existem formas diferentes de manifestação do poder. Cita os europeus
e os colonizados que tem perspectivas diferentes do poder.
|
Questão
de interpretação, mas que o
domínio conceitual ajudaria a
dar mais segurança na resposta certa. Ribeiro considera o Brasil foi formado
por uma elite e um povo que sofreu exploração. Visão marxista de Ribeiro: dominantes
e dominados.
|
Questão 81. Considere a passagem abaixo: A substituição
do reino do dever ser, que marca a filosofia anterior, pelo reino do ser, da
realidade, leva Maquiavel a se perguntar: como fazer reinar a ordem, como
instaurar um Estado estável? O problema central de sua análise política é
descobrir como pode ser resolvido o inevitável ciclo de estabilidade e caos.
Ao formular e buscar resolver esta questão, Maquiavel provoca uma ruptura com
o saber repetido pelos séculos. Trata-se de uma indagação radical e de uma
nova articulação sobre o pensar e fazer política, que põe fim à ideia de uma
ordem natural eterna. A ordem, produto necessário da política, não é natural,
nem a materialização de uma vontade extraterrena, e tampouco resulta do jogo
de dados do acaso. Ao contrário, a ordem tem um imperativo: deve ser
construída pelos homens para se evitar o caos e a barbárie, e, uma vez
alcançada, ela não será definitiva, pois há sempre, em germe, o seu trabalho
em negativo, isto é, a ameaça de que seja desfeita. (SADEK, Maria Tereza.
Nicolau Maquiavel: o cidadão sem fortuna, o intelectual de virtù. In:
WEFFORT, Francisco (org.). Clássicos da política, vol. 01. São Paulo: Ática,
2001. p. 17-18.) Considerando o argumento de Maria Tereza Sadek, em seu texto
intitulado Nicolau Maquiavel: o cidadão sem fortuna, o intelectual de virtù,
é correto afirmar:
|
Questão 82. Considere o seguinte excerto: O estudo
objetivo e sistemático da sociedade e dos comportamentos humanos é um
desenvolvimento relativamente recente, cujos primórdios datam de fins do
século XVIII. Um desenvolvimento-chave foi o uso da ciência para compreender
o mundo – a ascensão de uma abordagem científica ocasionou uma mudança
radical na perspectiva e na sua compreensão. Uma após a outra, as explicações
tradicionais e baseadas na religião foram suplantadas por tentativas de
conhecimento racionais e críticas. [...] O cenário que dá origem à sociologia
foi a série de mudanças radicais introduzidas pelas “duas grandes revoluções”
da Europa dos séculos XVIII e XIX. [...] A ruptura com os modos de vida
tradicionais desafiou os pensadores a desenvolverem uma compreensão tanto do
mundo social como do natural. Os pioneiros da sociologia foram apanhados
pelos acontecimentos que cercaram essas revoluções e tentaram compreender sua
emergência e consequências potenciais. (GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto
Alegre: Artmed, 2005. p. 27-28.) Quais são as revoluções a que Anthony
Giddens faz referência?
|
a)
Os estudos de Maquiavel sobre o reino do ser na política levam em
consideração a tradição idealista de Platão, Aristóteles e São Tomás de
Aquino e rejeitam as interpretações de historiadores antigos, como Tácito,
Políbio, Tucídides e Tito Lívio.
►b)
Em sua obra, Maquiavel coloca em relevo a dimensão efetivamente social,
histórica e política das relações humanas, explicitando que sua regra
metodológica implica o exame da realidade tal como ela é e não como se
gostaria que ela fosse.
c)
A política, segundo Maquiavel, tem correspondência com as ideias inatistas,
ou seja, de que os indivíduos são predestinados a um tipo de condição que
lhes é inerente, não havendo possibilidade de mudança ou qualquer outra forma
de alterar as estruturas de poder, por ele denominada de “maquiavélicas”.
d)
Segundo Sadek, ao formular uma explicação sobre essa questão, Maquiavel não
rompeu com os paradigmas que fundavam a política de seu tempo, por
conseguinte, favorecendo a perpetuação de tiranias nos séculos XV e XVI.
e)
Para Maquiavel, o problema central da política foi a democracia, e sua
construção implicava o fortalecimento de governos descentralizados, o que aproximava
seus estudos de liberais como John Locke e Thomas Hobbes.
|
a)
Revolução Russa e Revolução Chinesa.
b)
Revolução dos Cravos e Revolução Francesa.
c)
Revolução Industrial e Revolução Inglesa.
►d)
Revolução Francesa e Revolução Industrial.
e)
Revolução Proletária e Revolução Comunista.
|
Questão de interpretação. Maquiavel queria mostrar que a partir da realidade
que se produz política. A política real, e não a ideal, é o que interessa a
Maquiavel.
|
Questão fácil de caráter histórico-sociológico. Compreender a sociologia como fruto da
modernidade.
|
Enem 2018 – Prova Azul (7 questões)
|
||
Questão recorrente no ENEM, trata-se de
conceito da antropologia, evidenciando diferenças culturais significativas. O
estudante familiarizado com o conceito teria mais facilidade interpretação.
|
Aqui envolve discussão
sociológica-antropológica. Trata-se de abordagem também interpretativa.
A discussão sociológica sobre diferenças sociais, seja de classe ou étnica,
ajuda na interpretação.
|
|
“Guy Debord, o criador do conceito de ‘sociedade do
espetáculo’, definiu o espetáculo como o conjunto das relações sociais
mediadas pelas imagens.” Trata-se de questão em que o conceito de
imagem e importância da mídia e redes sociais, bem como as ideias por trás
desses dois é fundamental. (<https://revistacult.uol.com.br/home/midia-e-poder-na-sociedade-do-espetaculo/>
acesso em 31/01/2020)
|
Parte das diferenças culturais para discutir
questão social de classe e desigualdade. Os estudantes precisam compreender o
conceito de sociabilidade da sociologia.
|
|
Envolve o conceito de Globalização
(Giddens) muito discutido na Sociologia contemporânea. Além da atualidade
sobre temas como migração, refugiados e muros de segregação (EUA e Israel),
bem como o Brexit.
|
Questão de conhecimento histórico-sociológico
que envolve diferença de gênero. Necessita compreender previamente as
mudanças sociais do papel da mulher. E trata-se de questão interpretativa.
|
|
Gabarito:
E
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||
Questão de ciência política
que tem fundamento no conceito de Liberalismo. Mas também é interpretativa.
|
||
Enem 2019 – Prova Azul (12 questões)
|
|
Do ponto de vista antropológico a diversidade
cultural inclui a religiosidade. Porém, necessita apenas de interpretação.
|
O primeiro cientista social, da ciência
moderna, diferencia postural pessoal da postura política, ou seja,
necessidades públicas de privadas. Novamente nesse caso basta a interpretação
do texto.
|
Ciência Política por meio do conceito
de democracia. Precisa conhecer o conceito de democracia moderno. Bem como a
ampliação do conceito de cidadania e participação social.
|
Novas relações sociais, para amenizar a
desigualdade. Interpretação de texto.
|
Recorrentes questões no ENEM que tratam de
imagem. Mas apesar de tratar de relações sociais, principalmente de consumo e
identidade, boa interpretação de texto levava à resposta correta.
|
O estudante que conhecesse o conceito de
modernidade líquida. Ou que nossa modernidade é construção que se dá a partir
da valorização da ciência fundamentada no iluminismo, chegaria à resposta
fundamentada na ciência e no funcionalismo. Uso de conceito
importante.
|
Aborda cultura e sua dinâmica. Neste caso a
apropriação, por tratar-se de incorporação. Giddens trata disso, bem como os
culturalistas. Conhecer os conceitos de dinâmica da cultura como
apropriação, assimilação, aculturação e ressignificação é importante para
diferenciar os distratores corretamente.
|
Questão sobre globalização assim como cultura
são recorrentes no ENEM. Conceito discutido por Giddens. Aqui apresenta uma
das facetas que é a desigualdade social. Mas trata-se de interpretação
e repertório de atualidades.
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Envolve Geografia e Sociologia. Novas
relações sociais. E trata-se de apropriação espacial e cultural. Novamente
dinâmica da cultura com conceito. Assim como a questão 73.
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Discussão recorrente no ENEM é Patrimônio
Cultural, seja material ou imaterial. Nessa questão trata-se da definição do
que é patrimonializado ou preservado. Mas trata-se de interpretação.
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Trata-se de questão social que envolve o
conceito de trabalho e desigualdade. Bem como a função do estado. Entender
desses conceitos é importante. Mas depende de interpretação da ideia
de parceria entre órgãos públicos.
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Quando se trata da dimensão política, envolve
a discussão de desigualdade de classe. O conceito é importante aqui.
Associar a ideia de distribuição de renda às condições materiais. Tem base
marxista de interpretação..
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UFPR – PROCESSO SELETIVO 2018/2019 – PROGRAMA
OFICIAL DE PROVA
4.4 SOCIOLOGIA A prova específica de Sociologia
pretende avaliar a capacidade das candidatas e dos candidatos em compreender e
analisar os fenômenos sociais, a partir das teorias sociais, políticas e
antropológicas clássicas e contemporâneas, demonstrando, então, capacidade de
apreender a relação sociedade-natureza e suas implicações nas constituições das
diferentes sociedades, bem como a relação indivíduo-sociedade, a partir das
instituições sociais. Espera-se, ainda, que as candidatas e os candidatos
demonstrem competência de compreensão teórica da estrutura social, das
desigualdades sociais, dos processos de mudanças sociais, da dinâmica política
do Estado, da diversidade cultural, da indústria cultural e das relações
sociais, pois são temas/conceitos essenciais para sua inserção de forma
autônoma, crítica e participativa nos processos atuais de mundialização, de
intenso desenvolvimento tecnológico, de mudanças na produção (material e
simbólica) e de aprofundamento das formas de exclusão social.
4.4.1 PROGRAMA
4.4.1.1 A origem da Sociologia ● A modernidade e o
surgimento da sociologia. ● Fundamentos do pensamento sociológico: Durkheim,
Weber e Marx. ● Objeto e o método da Sociologia. 4.4.1.2 A relação sociedade e
natureza ● Progresso técnico e meio ambiente. ● Trabalho e Sociedade. ● A
divisão sexual e social do trabalho. ● As transformações recentes do trabalho.
4.4.1.3 Estrutura e estratificação social ● As classes sociais e a
estratificação. ● Desigualdade social. ● Desigualdade social no Brasil. 4.4.1.4
Indivíduo, identidade, socialização e orientação sexual ● Socialização e
identidade. ● Individuação, gênero e sexualidade. ● Homofobia, transfobia,
bullying. 4.4.1.5 O Estado moderno e a nova ordem mundial: dominação e poder ● Surgimento
e desenvolvimento do Estado Moderno. ● O Estado nacional contemporâneo. 4.4.1.6
Mudança e transformação ● A mudança social e a mudança cultural. ● Inovação
tecnológica e participação política. ● Ciências, tecnologia, conhecimento e
desenvolvimento. 4.4.1.7 Movimentos sociais ● Novas formas de participação
social. ●Movimentos sociais no Brasil e cidadania.
4.4.1.8 Cultura e Sociedade ● Cultura e organização
social. ● As dimensões da cultura. ● A diversidade cultural no Brasil. 4.4.1.9
A indústria cultural ●Meios de comunicação e indústria cultural. ●Mídia,
cultura e política no Brasil. ● As novas mídias.
4.4.2 Referências bibliográficas As obras
relacionadas abaixo serão utilizadas para as questões tanto da primeira fase
(prova objetiva) quanto da segunda (prova discursiva): ● DAVIS, Angela.
Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016. ● LARAIA, Roque. Cultura.
Um Conceito Antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. ● LEBRUN, Gérard. O que
é poder. São Paulo: Brasiliense, 2004. ● LÉVI-STRAUSS, Claude. Raça e História.
In: Antropologia Estrutural II. São Paulo: UBU, 2017. ●MAQUIAVEL, Nicolau. O
príncipe. 21. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998. ●MARX, Karl; ENGELS,
Friedrich. Manifesto comunista. São Paulo: Boitempo, 2005.
UFPR – PROCESSO SELETIVO 2019/2020 – PROGRAMA
OFICIAL DE PROVA
4.4 SOCIOLOGIA
A prova específica de Sociologia pretende avaliar a
capacidade das candidatas e dos candidatos em compreender e analisar os
fenômenos sociais, a partir das teorias sociais, políticas e antropológicas
clássicas e contemporâneas, demonstrando, então, capacidade de apreender a
relação sociedade-natureza e suas implicações nas constituições das diferentes
sociedades, bem como a relação indivíduo-sociedade, a partir das instituições
sociais. Espera-se, ainda, que as candidatas e os candidatos demonstrem
competência de compreensão teórica da estrutura social, das desigualdades
sociais, dos processos de mudanças sociais, da dinâmica política do Estado, da
diversidade cultural, da indústria cultural e das relações sociais, pois são
temas/conceitos essenciais para sua inserção de forma autônoma, crítica e
participativa nos processos atuais de mundialização, de intenso desenvolvimento
tecnológico, de mudanças na produção (material e simbólica) e de aprofundamento
das formas de exclusão social.
4.4.1 PROGRAMA
4.4.1.1 A origem da Sociologia ● A modernidade e o
surgimento da sociologia. ● Fundamentos do pensamento sociológico: Durkheim,
Weber e Marx. ● Objeto e o método da Sociologia. 4.4.1.2 A relação sociedade e
natureza ● Progresso técnico e meio ambiente. ● Trabalho e Sociedade. ● A
divisão sexual e social do trabalho. ● As transformações recentes do trabalho.
4.4.1.3 Estrutura e estratificação social ● As classes sociais e a
estratificação. ● Desigualdade social. ● Desigualdade social no Brasil. 4.4.1.4
Indivíduo, identidade, socialização e orientação sexual ● Socialização e
identidade. ● Individuação, gênero e sexualidade. ● Homofobia, transfobia,
bullying. 4.4.1.5 O Estado moderno e a nova ordem mundial: dominação e poder ●
Surgimento e desenvolvimento do Estado Moderno. ● O Estado nacional
contemporâneo. 4.4.1.6 Mudança e transformação ● A mudança social e a mudança
cultural. ● Inovação tecnológica e participação política. ● Ciências,
tecnologia, conhecimento e desenvolvimento. 4.4.1.7 Movimentos sociais ● Novas
formas de participação social. ● Movimentos sociais no Brasil e cidadania.
4.4.1.8 Cultura e Sociedade ● Cultura e organização social. ● As dimensões da
cultura. ● A diversidade cultural no Brasil. 4.4.1.9 A indústria cultural ●
Meios de comunicação e indústria cultural. ● Mídia, cultura e política no
Brasil. ● As novas mídias.
4.4.2 Referências bibliográficas: as referências
foram publicadas no dia 11/03/2019 e atualizadas no dia 1º/04/2019 na página do
Processo Seletivo 2019/2020.
[1] Expressão usada para as turmas de
terceiro ano do Ensino médio que também fazem preparação para o vestibular.
[2]
Lei nº 11.684/08 altera o art. 36 da Lei no 9.394, de 20
de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional,
para incluir a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias nos
currículos do ensino médio. Esta alteração foi proposta pelo deputado estadual
paranaense Padre Roque Zimmermann (PT).
[5]
Quais os assuntos mais
cobrados de Sociologia e Filosofia no Enem até 2019? Segundo Taís Ilhéu (Guia
do Estudante, 12/09/2019).
[6] Ambos têm no fim de cada capítulo
sugestões de filmes, promovendo a intertextualidade, fundamental para a
compreensão. E isso não ocorre na apostila do Curso.
[7] Inclusive sugestão de redação e
questões subdivididas em cada capítulo da primeira coleção.
[8] Dois capítulos não receberam números na
edição.
[9] Com indicação de projetos pedagógicos
no fim de seis capítulos. E uma sugestão de pesquisa por capítulo. Nos
capítulos, após textos complementares, tem atividades discursivas ou orais, não
incluídas na contagem: construção de argumentos, pesquisa, trabalho em grupo,
aula em campo, intervenção, reflexão e parecer.
[10] Exclusivamente para o terceiro ano
(terceirão) e pré-vestibular.
[11] Subdividido em três volumes.
[12] Também de vestibulares brasileiros.
[13] Considerado que uma questão exigia o
mesmo peso entre interpretação e conceito. Por isso a soma deu seis, mas foram
cinco questões no vestibular.
[14] Divididos em três volumes ao longo do ano
letivo, que se encerra em setembro.
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