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domingo, 3 de maio de 2020

Narrativa, história de vida e aprendizagem histórica

Resumo

O trabalho tem como foco a análise desenvolvida nas produções de narrativas de uma turma de oitavo ano de Escola da Cidade Industrial de Curitiba (CIC): região ocupada por migrantes a partir dos anos 1970. Um estudo exploratório considerado a primeira fase da pesquisa ação, detectou a ausência de relações entre a história da localidade e as memórias individuais e coletivas dos alunos. A partir dos resultados obtidos foi dada continuidade à pesquisa ação, adotando-se estratégias como narrativas autobiográficas, produção de árvore genealógica, entrevistas e pesquisa documental/internet. Elementos obtidos no resultado final indicam a importância de narrativas autobiográficas como referência para o trabalho da aula histórica, cujo objetivo é a formação da consciência histórica, isto é, o autoconhecimento dos alunos, bem como sua relação com a  memória e a construção de identidades, para dentro, isto é, a relação consigo mesmo e, para fora, a relação com o outro, na perspectiva da orientação temporal do presente, passado e futuro.
Artigo completo no link acima.

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Análise da qualidade dos materiais didáticos de Ciências Sociais no terceiro ano do Ensino médio quanto à preparação para ENEM e vestibular da UFPR de acordo com LEFFA (2012)


FERNANDES, Sandro Luis.
profe.sandro@hotmail.com 
RESUMO
Neste artigo realizamos a análise das provas de Ciências Sociais do vestibular da UFPR (2018/2019 e 2019/2020), do ENEM (2018 e 2019), bem como de materiais didáticos desse componente curricular utilizados por um curso preparatório, em Curitiba/PR. A intenção foi verificar se o nível de exigência desse material está compatível com o nível de exigência das provas. Portanto, tivemos como base documental as questões das provas, uma apostila e dois materiais didáticos públicos de Sociologia. Já para a sustentação teórica de nossa análise, contamos com LEFFA (2012). Realizamos, no decorrer do processo, a abordagem quantitativa e qualitativa das questões presentes, tanto nas provas classificatórias quanto nos demais materiais. E constatamos que o melhor nível de exigência se encontra no material didático apostilado do curso preparatório, principalmente no que diz respeito à interpretação, tal como é exigida nas avaliações em larga escala.

Palavras-chave: Vestibular UFPR; ENEM; Ciências Sociais; Ensino Médio; Educação Básica.

1.    INTRODUÇÃO

Partiremos da análise de materiais didáticos e processos avaliativos em Sociologia para refletir sobre a preparação dos estudantes quanto às questões de Ciências Sociais no ENEM e vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR), principalmente na preparação dos estudantes para tais avaliações objetivas, em relação aos critérios de acertos. Serão considerados os processos avaliativos de 2018-2019 e 2019-2020 (UFPR) e 2018 a 2019 (ENEM).
Trata-se de investigação estabelecendo relações entre os conteúdos cobrados dos estudantes, as diferenças entre os dois processos e como as mudanças promovidas pela UFPR, desde 2018, passaram a exigir mais dedicação dos candidatos às Ciências Sociais. Nesse ano a UFPR incluiu a disciplina de Ciências Sociais (Ciência Política, Antropologia e Sociologia) na primeira fase do vestibular, com referências bibliográficas específicas para a prova.
Neste sentido discutiremos a influência direta ou não na organização materiais públicos e dos cursos pré-vestibulares com base em ambos os processos avaliativos. Sendo assim, compreenderemos o nível de adequação dos materiais ofertados aos estudantes para preparação adequada aos processos avaliativos do fim do Ensino Médio. As características do ENEM e da prova da UFPR têm semelhanças e diferenças quanto ao estilo das questões, principalmente na indicação dos temas cobrados diretamente na prova: UFPR indica e ENEM não. Para compreender a maneira pedagógica e didática como os estudos são encaminhados, estudaremos as referidas provas, bem como os materiais de Sociologia de um curso pré-vestibular e dois livros didáticos públicos.
Considerando a ênfase dada nos cursos pré-vestibulares ao material didático, o qual normalmente é apostilado e robusto. Basicamente se trata de todo conteúdo do ensino médio distribuído ao longo do ano letivo, que normalmente devido aos vestibulares, vai até setembro. Ou seja, isso torna a carga horária maior e a quantidade de conteúdo/exercícios extenuante. Juntamente temos carga enorme de simulados, redações, monitorias e aulas especiais. Destaca-se nesse tipo de material apostilado a grande quantidade de conteúdos revistos para os processos seletivos de entrada nas Universidades e a grande quantidade de atividades. Resolvemos investigar o diferencial desses materiais didáticos: apostilas de pré-vestibular e terceirão[1] em relação aos livros didáticos públicos, visto que a procura de estudantes oriundos da educação pública é grande nesse ano do Ensino Básico. E nas Ciências Sociais ocorre o mesmo?
Ao refletir sobre o papel da Sociologia no Ensino Médio, temos entre os professores, uma ideia de discussão do cotidiano, desnaturalizando-o. Fazendo isso apresentando e estudando teorias, temáticas consagradas, autores e conceitos. Ao ingressar paulatinamente no ensino médio durante a primeira década do século XXI[2], a Sociologia ganhou mais status ao ser inserida em vestibulares e quando o ENEM passou a selecionar candidatos para as vagas em grandes universidades do país a partir de 2009. Um ponto interessante, definidor de conteúdo, é que esses processos seletivos, bem como os materiais didáticos desde o primeiro ano do Ensino Médio não apresentam apenas o componente curricular Sociologia. Tratam também de Ciência Política e da Antropologia. Isso se deu porque ao apresentar o projeto de lei, que inseria Ciências Sociais no currículo do Ensino Médio, o deputado Padre Roque (MEUCCI, 2015) tratou a Sociologia como ciência que inclui as demais (Antropologia e Ciência Política).
Quando nos deparamos com o terceiro ano do ensino médio e a preparação para o vestibular, momento delicado de organização curricular, em que há a revisão do conteúdo do Ensino Médio, bem como inclusão de temas apontados pelos vestibulares, no caso da UFPR. Como estudantes, com grande carga horária de estudos e enorme quantidade de conteúdo, podem se preparar melhor para as provas que envolvem Ciências Sociais?
O material didático de um curso preparatório serviu como base de análise, bem como as provas do ENEM e UFPR. O material didático ou apostila é basicamente a distribuição do conteúdo básico de Antropologia, Ciência Política e Sociologia, juntamente com muitos exercícios. Desses últimos a maioria objetiva de vestibulares de diversos lugares do Brasil e do ENEM. Para efeito de comparação foram escolhidos os livros didáticos públicos indicados pela UFPR como referência básica para o vestibular 2020/2021[3]: Tempos modernos, tempos de sociologia (2016) e Sociologia em Movimento (2013). Tais livros foram selecionados porque serão usados para produzir questões da primeira e segunda fase do vestibular citado.
Chamou atenção no material didático apostilado a grande quantidade de exercícios, avaliações e simulados. E como é dado ênfase, didaticamente, a esse procedimento para a preparação efetiva diante das avaliações classificatórias do fim de cada ano letivo. Diante dessa orientação didático-pedagógica nos debruçamos sobre esta metodologia que exige do aluno muita leitura para compreensão e interpretação dos exercícios propostos. Como o conteúdo é muito extenso, percebemos a ênfase na execução das atividades dentro dessa metodologia didática.

2.    COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO NO USO DE MATERIAL DIDÁTICO

Levando em conta que a discussão fundamental sobre as questões do ENEM ou UFPR não é exatamente o conteúdo. Porque os dois sistemas de avaliação têm diferentes maneiras de inserir e produzir temáticas e conteúdo. Enquanto na UFPR a bibliografia é indicada, o ENEM tem como referência a BNCC. Tampouco podemos medir os conteúdos na UFPR, que começou a indicar referências e incluir Ciências Sociais na primeira fase em 2018 – indicou seis referências em 2018 e o mesmo número em 2019, sendo que usou apenas cinco excertos em cada prova. Cada questão um texto diferente. No caso da UFPR apenas um livro foi repetido de um ano para outro[4]. Portanto análises como a seguir, publicadas no Guia do Estudante (2019) não serão consideradas[5].
·         Sociologia contemporânea (28,6%)
·         Cidadania (14,3%)
·         Cultura e educação (14,3%)
·         Política, poder e Estado (14,3%)
·         Capitalismo (7,1%)
·         Economia e sociedade (7,1%)
·         Indústria cultural (7,1%)
·         Max Weber (3,6%)
·         O mundo globalizado (3,6%)
Em relação aos livros didáticos públicos analisados, Tempos modernos tempos de sociologia e Sociologia em movimento[6], tais assuntos são incluídos, bem como outros considerados importantes para aprendizado no Ensino Médio de acordo com a Base Nacional Curricular Comum (BNCC). Além desses livros serem volume único para o ensino médio, há outra diferença na sua organização didática: poucas atividades interpretativas voltadas às provas de larga escala. Como não investigamos es estratégias e metodologias de ensino dos professores usuários desse material, tampouco as sugestões apresentadas nos materiais, é impossível nos posicionarmos em relação a eficácia ou não desse material no processo de ensino-aprendizagem. Reiterando que nosso objetivo é discutir a preparação para as provas da UFPR e ENEM.
Tabela 01
Coleção Didática
Capítulos
Objetivas / média por cap.
Discursivas[7] / média por cap.
Tempos Modernos, Tempos de Sociologia
24[8]
90 / 3,75
171 / 7,125
Sociologia em movimento
15[9]
30 / 2
88 / 5,86
Sociologia – AZ Escolas em Rede[10]
30[11]
304 / 10,13
44 / 1,46[12]

Considerando os números acima, a carga horária dedicada às atividades voltadas aos processos seletivos é bem maior na apostila do curso preparatório. Média de dez questões por capítulo, maior número de capítulos, indicam ao estudante a necessidade de se aprimorar nessas questões de caráter interpretativo de textos teóricos, informativos, infográficos, charges, etc. O foco do material didático público sem dúvida é a compreensão. E isso tem destaque nos vestibulares e ENEM, principalmente nas redações e questões discursivas. Esta última na segunda fase da UFPR.
Os assuntos são importantes e amplos, bem como os autores estudados. Neste sentido os conteúdos devem ser desenvolvidos de acordo com as exigências das avaliações, as quais levam em conta também alto nível de interpretação e compreensão. Sendo comum na estratégia de produção de questões, a intenção de medir a capacidade de interpretação delas, além da compreensão dos temas desse componente curricular. Sendo assim, os conteúdos amplamente difundidos nas Ciências Sociais são apresentados e estudados no Ensino Médio, mas deve se levar em conta o desenvolvimento da capacidade de interpretação dos estudantes. Portanto, a interpretação, necessária para resposta de questões objetivas, deve ser o instrumento desenvolvido nas atividades preparatórias. Porque esse é o ponto comum nas avaliações de larga escala. O conteúdo é importante, e tão importante quanto, é a capacidade de interpretação de tema, autores, teorias e conceitos. A qual se dá aprimorando a capacidade de respostas corretas de diversos exercícios. Precedida, necessariamente, da compreensão dos conteúdos apresentados.
Nesse sentido a estrutura das questões e a profundidade dos estudos sociológicos para os estudantes, que têm muito conteúdo a ser estudado de outros componentes curriculares, devem ser equilibrados. Como se tratam de provas classificatórias e eliminatórias, os estudos preparatórios devem focar nas duas competências necessárias: compreensão e interpretação. CONCEITO (compreensão) e INTERPRETAÇÃO serão as referências para a análise das questões. O conceito se refere à importância da compreensão de ideias, teorias, postulados e paradigmas de autores ou temas. Enquanto a interpretação além dos estudos diretos da Sociologia, Antropologia ou Ciência Política (Ciências Sociais), necessita o entendimento do sentido do texto do autor. A interpretação do comando da questão que orientará a profundidade e dificuldade necessária na avaliação do estudante.
Segundo LEFFA (2012) compreensão e interpretação exigem instrumentos diferentes de aprendizado. Compreender é juntar (leitor e texto), num processo que envolve contextos diferentes, ou seja, circunstâncias distintas, cada um com seu mundo, experiências e competências prévias. Os estudos devem encaminhar os vestibulandos a compreender Ciências Sociais., em relação aos diversos conteúdos, usando diversas estratégias: leituras de diferentes gêneros, intertextualidade, comparação etc. Segundo LEFFA (2012), são necessárias para compreensão, as seguintes competências:
·         Tradução do código (conhecimento linguístico);
·         Montagem do quebra-cabeças (conhecimento composicional: semântica, sintática e conexão de texto com frases, parágrafos, gráficos, imagens, etc. E até intertextualidade;
·         Evocação do saber construído. Conhecimento prévio científico do gênero textual e do assunto abordado, bem como das condições de produção (autor citado, época, veículo de divulgação, etc.);
·         Estratégias (gerenciar a leitura, inclusive quanto às falhas que podem ocorrer).
LEFFA, completa o último item, afirmando:
Um aspecto importante do planejamento estratégico é o monitoramento feito pelo leitor do que está sendo lido e as medidas que são tomadas para corrigir as falhas de compreensão quando elas ocorrem. Algumas das medidas que podem ser tomadas pelo leitor incluem, por exemplo: ignorar momentaneamente a falha e ir adiante, esperando que o problema acabe se resolvendo; reler o segmento com mais atenção, buscando algum elemento novo que tenha escapado na primeira leitura; tentar fazer, com suas próprias palavras, uma paráfrase do que leu; buscar informações complementares em outras fontes, como dicionários, enciclopédias, resenhas de filmes, vídeos explicativos de como fazer, livros didáticos, etc. O leitor sente que precisa criar em sua mente um conhecimento novo, uma espécie de âncora que possibilite fazer a conexão com o que está sendo lido. (LEFFA, 2012, p. 259)

Portanto, a compreensão é uma experiência prévia antes da interpretação exigida nos itens das provas.
Quanto a interpretar, podemos afirmar que é tirar de dentro, ou seja, encontrar os sentidos do texto construídos pelo autor. Leitura de mão única chega à interpretação da questão numa prova. Na interpretação de texto podem ser usadas paráfrases, réplicas e procedimentos dialéticos. Considerando os modelos avaliativos em questão, a intepretação usando procedimento dialético é melhor para questões do nível estudado neste artigo. Segundo LEFFA (2012),
pode também ser trabalhada como um procedimento pedagógico de indução ao conhecimento, feito por meio de perguntas, tanto abertas como fechadas, a que estamos dando aqui o nome de interpretação como procedimento dialético. Enquanto na interpretação como réplica, a interlocução se dá com o autor, na interpretação como procedimento dialético, à semelhança da maiêutica socrática, as perguntas são dirigidas ao leitor, que tentará buscar as respostas dentro de si, tentando resolver paulatinamente as contradições que possam surgir no sequenciamento dessas perguntas. (p. 265)

A interpretação de texto é proposta pelo autor da questão. A mediação está na pergunta ou encaminhamento da resposta correta ou incorreta, em poucos casos esta última. Quando se produz a questão o objetivo é fazer com que o leitor (candidato) consiga interpretar a chegar na única alternativa possível diante do enunciado. Ainda segundo LEFFA (2012):
Interpretação dialética, como está sendo proposta aqui, propicia uma aprendizagem mais colaborativa do que o uso monológico da paráfrase. Enquanto na paráfrase, o intérprete substitui o texto, na dialética o intérprete se coloca entre o texto e o aluno, propiciando uma construção coletiva da compreensão, evolvendo o texto, o intérprete e o aluno. Há também uma intervenção planejada com as quatro competências da compreensão: (1) ajuda na tradução do código, (2) na montagem do quebra-cabeça, (3) na evocação do saber construído e (4) no planejamento estratégico. (p. 267)

Basicamente as aulas de sociologia devem buscar a compreensão dos temas, conceitos e autores, bem como teorias E as provas de sociologia nas seleções de larga escala (ENEM e UFPR) privilegiam a interpretação, mas para isso é necessário compreensão:
Em suma, vê-se a interpretação como uma atividade consciente, que, ao mesmo tempo em que alimenta a compreensão, sugerindo possíveis conexões, também se alimenta, cresce e se desenvolve a partir dela, explorando as conexões que já existem, pelo menos como potencialidade. A compreensão, por outro lado, é vista como uma camada subterrânea, invisível e impregnada de conexões possíveis. Usando uma metáfora, podemos dizer que a compreensão, embora esteja situada abaixo do nível da consciência, reúne a força, a energia e a fertilidade do húmus que faz brotar a atividade consciente da interpretação. (LEFFA, 2012, p. 267-8)

Considerando as quatro avaliações nos últimos dois anos foi possível chegar a esse quadro relativo apenas as questões objetivas de ciências Sociais. Destacando que a UFPR tem cinco questões por prova e o ENEM varia esse número. E este último ainda tem questões que envolvem mais de um componente curricular simultaneamente. Foram usadas as expressões + conceituais e + interpretativas porque, apesar de precisar das ferramentas de compreensão em ambas bem com interpretação, destaca-se mais um aspecto em detrimento a outro. Nas questões conceituais há destaque para o conhecimento prévio em Ciências Sociais. Em todas as avaliações é fundamental o preparo para compreensão e interpretação. Estratégias de língua portuguesa são imprescindíveis, bem como conhecimentos prévios. Mas no bloco destacado como questões + conceituais, a dificuldade científica de teorias, temas e autores é destacada. E nesse sentido, as questões chamadas de + interpretativas exigem apenas leitor atento e acostumado com esse modelo.
Tabela 02
Prova / Ano
Questões de Ciências Sociais
Questões + Conceituais
Questões + Interpretativas
UFPR 2018/2019[13]
5
2
4
UFPR 2019/2020
5
1
4
ENEM 2018
7
3
4
ENEM 2019
12
5
7
Totais
29
11
19

            O conhecimento prévio das Ciências Sociais é fundamental para o sucesso nessas avaliações em larga escala. Considerando que as questões mais difíceis foram as + conceituais. No ENEM o peso delas foi maior, já na UFPR, as questões não têm peso maior, prova classificatória pelo número de acertos das questões propostas (90 questões). Ambas as provas exigem muito preparo e esse preparo ocorre tanto nas aulas presenciais, leituras e realização de atividades e simulados, com questões objetivas.
O material didático usado para análise, produzido pela REDE AZ, foi fornecido aos estudantes pelo curso em analisado em Curitiba. Trata-se de material que traz o conteúdo exigido pelo ENEM, que também é indicado pela UFPR. É importante destacar que a carga de exercícios é grande, são 30 capítulos de Sociologia, Antropologia e Ciência Política no decorrer do ano letivo[14]. Cada um com em torno de 15 exercícios (pelo menos 10 objetivos) de diversos vestibulares do Brasil e ENEMs, além de prova objetiva (on-line) com 5 questões que mapeia as dificuldades dos alunos. Também há seis simulados UFPR (quatro de primeira fase e dois de segunda fase) e quatro simulados ENEM.
Para analisar esse processo foi considerada abordagem quantitativa e qualitativa do material a ser analisado. Foi necessário quantificar os itens das avaliações de larga escala, bem como as sugeridas nos materiais didáticos analisados. Posteriormente a análise qualitativa, de acordo com LEFFA, para compreender o nível de exigência de cada pergunta, considerando o nível de interpretação e compreensão de acordo com aquele autor. Primeiramente foram selecionadas as questões do ENEM, visto que elas estão misturadas randomicamente na prova. Depois analisadas conjuntamente com a da UFPR, as quais, na prova, são apresentadas separadamente.
Outrossim, apesar de envolver provas diferentes e anos distintos, a análise não foi comparativa, mas considerou interpretativamente, com base em LEFFA, a formulação das questões e o tipo de orientação possível para produção de material didático aos candidatos às provas em anos seguintes.
Trata-se de pesquisa documental, em que os livros didáticos públicos, a apostila e as quatro provas classificatórias foram a base da análise. Com base na quantificação dos dados foram construídas duas tabelas. Uma quantitativa com número de atividades propostas nos materiais didáticos, que destaca a ênfase nos exercícios do material apostilado. E uma tabela com análise qualitativa dos dados, sobre interpretação e compreensão. E nessa verificamos o destaque a questões com base interpretativa.
            Com base nesses estudos considera-se que, alunos e alunas, são preparados para compreender e interpretar: lendo, esquematizando, estudando, discutindo e analisando conhecimentos teóricos, metodológicos, conceituais que ajudam na compreensão de vários gêneros textuais. Bem como fazendo exercícios, de interpretação dos conteúdos curriculares das Ciências Sociais, por meio de diversos tipos de atividades propostas.

3.    CONSIDERAÇÕES FINAIS

            . Como estudantes, com grande carga horário de estudos e enorme quantidade de conteúdo, podem se preparar melhor para as provas que envolvem Ciências Sociais? Comparativamente, enquanto em dois livros didáticos públicos analisados há ênfase na compreensão, no material do curso analisado há ênfase na interpretação. É possível afirmar isso porque os livros, Sociologia em Movimento e Tempos Modernos: Tempos de Sociologia, há no máximo 3 questões objetivas por capítulo. E maior quantidade de discursivas, inclusive sugerindo pesquisa, debates e redações.
Além da prioridade na compreensão, os livros didáticos públicos, são volumes únicos, ou seja, para as três séries do Ensino Médio. Considerando isso a carga de exercícios e simulados de um estudante do curso preparatório é muito superior. A quantidade de atividades de um estudante do curso privado de um capítulo é superior à quantidade de exercícios de um ano letivo de um estudante que usa o livro público.
A carga maior de exercícios prepara melhor os vestibulandos que usam material didático com essa característica: questões que exigem interpretação. Porque a interpretação, fundamental para realização das questões objetivas, seja da UFPR ou ENEM, é a capacidade de entender o que o autor expressou. Portanto, é a ferramenta básica, para responder questões desses processos avaliativos.
Claramente, o material proposto pelo curso, objeto deste artigo, foi produzido com foco para preparação para vestibulares e ENEM. Enquanto os livros didáticos foram produzidos objetivando formação mais ampla, voltada aos três anos do Ensino Médio. Esses últimos não foram organizados para preparar para provas extensas e interpretativas como ENEM e vestibular da UFPR. Sendo assim, o material apostilado é superior aos materiais públicos analisados, quando se trata de enfrentamento de provas de larga escala como ENEM e Vestibulares.

REFERÊNCIAS

AZ Escolas em Rede (Autores diversos). Sociologia: 3ª série e Extensivo: teoria e exercícios. Ribeirão Preto: Conexia Educação, 2019.

BEZERRA, Rafael G. FERNANDES, Sandro Luis. Enem e Democracia: análise a partir da imprensa escrita (2009-2014). XVII CONGRESSO BRASILEIRO DE SOCIOLOGIA, 22 de julho de 2015, Porto Alegre, RS. <http://profesandro.blogspot.com/2017/06/enem-e-democracia-analise-partir-da.html> Acesso em 13/01/2020

BARBOSA, Nara Lima Mascarenhas. MARTINS, Rogéria. A sociologia nos vestibulares: uma análise dos conteúdos da disciplina nos processos seletivos de admissão nas universidades federais do Estado de Minas Gerais. In: Revista Em Tese, v. 12, nº 2. Florianópolis: UFSC, 2012. <https://periodicos.ufsc.br/index.php/emtese/article/view/1806-5023.2015v12n2p6>acesso em 05/04/2020.


BOMENY, Helena.  [et al.] Tempos modernos, tempos de sociologia: ensino médio: volume único. Rio de Janeiro: Editora do Brasil, 2016, 3 ed.

ILHÉU, Taís. Quais os assuntos mais cobrados de Sociologia e Filosofia no Enem. <https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/quais-os-assuntos-mais-cobrados-de-sociologia-e-filosofia-no-enem/> acesso 19/12/2019

LEFFA, Vilson J. Interpretar não é compreender: um estudo preliminar sobre a interpretação de texto. In.: LEFFA, Vilson J. ERNST, Aracy. (Orgs.). Linguagem: metodologias de ensino e pesquisa. Pelotas: EDUCAT. 2012, p. 253-269.

MENEZES, Marcelo Duarte Bezerra de. Sociologia para quê? E para quem? Notas sobre concepção social na teoria da sociologia pública (TSP). Revista Eletrônica Ensino de Sociologia em debate. Londrina: UEL. 2012.<http://www.uel.br/revistas/lenpes-pibid/pages/arquivos/1%20Edicao/1ordf%20Edicao.%20Artigo%20MENEZES%20M.%20D.%20B.pdf> Acesso em 13/01/2020

MEUCCI, Simone. Sociologia na educação básica no Brasil: um balanço da experiência remota e recente. In: Revista Ciências Sociais, V. 55, nº 3; São Leopoldo (RS): Unisinos. 2015. <http://revistas.unisinos.br/index.php/ciencias_sociais/article/view/csu.2015.51.3.02> acesso em 13/01/2020.

MOTA, Kelly Cristine Corrêa da Silva. Os lugares da sociologia na formação de estudantes do ensino médio: as perspectivas de professores. In: Revista Brasileira de Educação. Nº 29. Rio de Janeiro: ANPED, 2005. <http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n29/n29a08.pdf> acesso em 19/12/2019

OLIVEIRA, Amurabi. Um balanço sobre o campo do ensino de sociologia no Brasil. In: Revista Em Tese, v. 12, nº 2. Florianópolis: UFSC, 2012. <https://periodicos.ufsc.br/index.php/emtese/article/view/1806-5023.2015v12n2p6>acesso em 05/04/2020.


SILVA, Afrânio. [et al.] Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2013.

Provas

ENEM 2018:

ENEM 2019

UFPR 2018/2019

UFPR 2019/2020

ANEXOS

Comentário geral das questões a seguir: prova dentro do conteúdo, exclusivamente dos livros. Mas distratores longos, prova cansativa. A indicação número 4 (Lévis-Strauss) não foi utilizada nas questões. A interpretação de textos foi privilegiada.
UFPR 2018/2019 – As obras relacionadas abaixo serão utilizadas para as questões tanto da primeira fase (prova objetiva) quanto da segunda (prova discursiva):
1. DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016;
2. LARAIA, Roque. Cultura. Um Conceito Antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2001;
3. LEBRUN, Gérard. O que é poder. São Paulo: Brasiliense, 2004;
4. LÉVI-STRAUSS, Claude. Raça e História. In: Antropologia Estrutural II. São Paulo: UBU, 2017;
5. MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. 21ª edição. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998;
6. MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto comunista. São Paulo: Boitempo, 2005.
Questão 78. Quando se conquistam Estados habituados a reger-se por leis próprias e em liberdade, há três modos de manter a sua posse: primeiro, arruiná-los; segundo, ir habitá-los; terceiro, deixá-los viver com suas leis, arrecadando um tributo e criando um governo de poucos, que se conserve amigos. [...] Quem se torna senhor de uma cidade tradicionalmente livre e não a destrói será destruído por ela. Tais cidades têm sempre por bandeira, nas rebeliões, a liberdade e suas antigas leis, que não esquecem nunca, nem com o correr do tempo, nem por influência dos benefícios recebidos. Por muito que se faça, quaisquer que sejam as precauções tomadas, se não se promovem o dissídio e a desagregação dos habitantes, não deixam eles de se lembrar daqueles princípios e, em toda oportunidade, em qualquer situação, a eles recorrem [...]. Assim, para conservar uma república conquistada, o caminho mais seguro é destruí-la ou habitá-la pessoalmente. (MAQUIAVEL, N. O príncipe. São Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 21-22.)
Com base nessa passagem, extraída da obra O Príncipe, de Maquiavel, assinale a alternativa correta.
►a) O poder emanado do príncipe deve ter a capacidade de não apenas levar a cabo os planos de expansão de seu próprio governo, mas sobretudo criar condições para que esse poder mantenha-se de forma plena e garanta a legitimidade da própria dominação.
b) A passagem refere-se em especial às repúblicas que ainda não passaram por um processo de amadurecimento de suas instituições democráticas. Repúblicas que dependem de orientação externa e de outras nações na formação da sua própria identidade política, a fim de suplantar o ódio típico dessas repúblicas.
c) Para Maquiavel, “habitar” a república conquistada é uma possibilidade mais condizente com a posição do Príncipe. Considerando que o autor tinha laços com o pensamento humanista, “destruir” uma república conquistada implicaria lançar mão da força militar, com a qual Maquiavel não concordava.
d) No mundo moderno e contemporâneo, o Príncipe, garantidor da ordem e da segurança pública, pode e deve intervir com o argumento de preservar as instituições democráticas e republicanas, mesmo que para isso seja necessário o uso da força.
e) O Príncipe pode, por meio de pleito eleitoral, plebiscito ou consulta popular, agir em nome do povo e garantir a soberania de seu Estado. Pode invadir as nações que coloquem em risco a sua própria liberdade. Pode combater o ódio das outras repúblicas, e que essa nação seja destruída ou habitada pelo Príncipe, a fim de assegurar a ordem democrática.
Necessária a leitura atenta dos distratores que levavam a conceitos equivocados. A ideia do autor é o Príncipe sempre manter o poder. A compreensão da obra ajudaria na resposta, mas uma boa interpretação também levaria à alternativa correta.

Questão 79. Sobre a questão do etnocentrismo, Roque de Barros Laraia escreve que “o fato de o indivíduo ver o mundo através de sua cultura tem como consequência a propensão em considerar o seu modo de vida mais correto e o mais natural. Tal tendência, denominada etnocentrismo, é responsável em seus casos extremos pela ocorrência de numerosos conflitos sociais. O etnocentrismo, de fato, é um fenômeno universal. É comum a crença de que a própria sociedade é o centro da humanidade, ou mesmo sua única expressão. [...] A dicotomia ‘nós e os outros’ expressa em níveis diferentes essa tendência. Dentro de uma mesma sociedade, a divisão ocorre sob a mesma forma de parentes e não parentes. Os primeiros são melhores por definição e recebem um tratamento diferenciado. [...] Comportamentos etnocêntricos resultam também em apreciações negativas dos padrões culturais de povos diferentes. Práticas de outros sistemas culturais são catalogadas como absurdas, deprimentes e imorais”. (LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2001, p. 73-74.)
Em resumo, Laraia tenta nos mostrar que:
Questão 80. No livro Mulheres, raça e classe, Angela Davis perfaz um caminho histórico e social da luta das mulheres nos Estados Unidos e como diferentes movimentos e campanhas possibilitaram a construção dos direitos e das pautas políticas de gênero naquele país. Numa das passagens da obra, em que aborda as campanhas pelo direito ao aborto, Davis afirma que “o controle de natalidade – escolha individual, métodos contraceptivos seguros, bem como abortos, quando necessário – é um pré-requisito fundamental para a emancipação das mulheres. [...] E se a campanha pelo direito ao aborto do início dos anos 1970 precisava ser lembrada de que mulheres de minorias étnicas queriam desesperadamente escapar dos charlatões de fundo de quintal, também deveria ter percebido que essas mesmas mulheres não estavam dispostas a expressar sentimentos pró-aborto. Elas eram a favor do direito ao aborto, o que não significava que fossem defensoras do aborto. Quando números tão grandes de mulheres negras e latinas recorrem a abortos, as histórias que relatam não são tanto sobre o desejo de ficar livres da gravidez, mas sobre as condições sociais miseráveis que as levam a desistir de trazer novas vidas ao mundo”. (DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016, p. 219-220.)
Com base no texto, é correto concluir que:
a) o etnocentrismo é um conceito amplamente difundido nas ciências humanas, mas incapaz de explicar de forma pormenorizada a construção das identidades nacionais, das práticas culturais e as relações formadas pelo “estranhamento” do contato entre diferentes grupos sociais. Afinal, quem dispõe dos instrumentos de análise pode escolher, conforme seus critérios próprios, como catalogar o outro.
b) a cultura tem um papel fundamental na elaboração de visões de mundo, e que o problema maior em considerar o etnocentrismo está no fato de que esse conceito não possui uma perspectiva cultural, mas apenas política, muito embora o autor não deixe claro essa contradição, já que ele próprio é etnocêntrico.
►c) um dos pontos centrais que define o etnocentrismo, conceito amplamente difundido nos estudos antropológicos, é compreender como determinadas práticas culturais constituídas pelo “estranhamento” se tornam elementos fundamentais na construção das identidades de grupo, comunitárias, societárias e nacionais. Identidades que, por sua vez, estruturam-se por distinção, em que o observador assume para si e seu grupo a centralidade cognitiva.
d) para entendermos o real significado do etnocentrismo nas culturas ocidentais, será necessário pressupor que a dicotomia entre o “nós e os outros” é um aspecto que deve ser superado por todos que desejam construir uma visão genuinamente etnocêntrica.
e) não há problema em observar, agir e interagir a partir da seus próprios referenciais culturais. O conceito de etnocentrismo possui certa legitimidade, pois resguarda na centralidade cultural aquilo que uma raça tem de mais puro quando confrontada com outra.
a) o feminismo e as pautas antiaborto foram fundamentais para se pensarem novas políticas públicas de controle de natalidade nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, a legislação moderna também propiciou que os movimentos das mulheres em busca de emancipação social fossem protegidos pelo Estado.
►b) a despeito dos movimentos organizados que buscavam constituir a emancipação social das mulheres, a grande questão de fundo era e continua sendo não colocar-se contra ou a favor do aborto, mas de possibilitar que o direito ao aborto fosse extensivo às mulheres em condições de vulnerabilidade social, a ponto de as impedir de “trazer novas vidas ao mundo”.
c) as campanhas pró-aborto receberam apoio amplo da sociedade norte-americana e a sua prática obteve repercussão, já que até mesmo as mulheres de minorias étnicas conquistaram esse direito, adotando o aborto como método contraceptivo mais eficaz.
d) Angela Davis remete a um aspecto preciso na formação social norte-americana: as mulheres sempre tiveram os mesmos direitos que os homens e nunca houve qualquer forma de distinção por gênero nos Estados Unidos, já que a constituição daquele país é respeitada e protege a todos e todas de forma equânime.
e) embora o livro Mulheres, raça e classe tenha pertinência ao tratar de temas sobre a formação das minorias de gênero, raça e classe e, sobretudo nos Estado Unidos, é uma obra que repercute de forma instigante os temas presentes na década de 1970, tendo pouca relação com o contexto atual de luta por direito das mulheres no cenário global.
O autor não é etnocêntrico e essa postura elabora identidade de grupos sim. Levando o povo que se coloca no centro a entender o mundo apenas sob sua perspectiva. Conceito fundamental na antropologia, a compreensão do etnocentrismo daria conta de indicar a resposta correta.
Colocar a discussão do aborto em nível de classe e raça também é importante. Não se trata apenas de ser contra ou a favor, mas de garantir a escolha diante da crueldade das condições sociais. Questão que a interpretação daria conta da resposta correta.

Questão 81. Em 1848, Karl Marx e Friedrich Engels publicaram o Manifesto Comunista. Segundo seus autores, “a burguesia desempenhou na História um papel iminentemente revolucionário. Onde quer que tenha conquistado o poder, a burguesia destruiu as relações feudais, patriarcais e idílicas. Rasgou todos os complexos e variados laços que prendiam ao homem feudal e seus superiores naturais, para só deixar subsistir, de homem para homem, o laço do frio interesse. [...] Fez da dignidade pessoal um simples valor de troca; substituiu as numerosas liberdades, conquistadas duramente, por uma única liberdade sem escrúpulos: a do comércio. Em uma palavra, em lugar da exploração dissimulada por ilusões religiosas e políticas, a burguesia colocou uma exploração aberta, direta, despudorada e brutal. [...] Tudo o que era sólido e estável se desmancha no ar, tudo o que era sagrado é profanado e os homens são obrigados finalmente a encarar sem ilusões a sua posição social e as suas relações com outros homens”. (MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. O manifesto comunista. São Paulo: Boitempo, 2001, p. 42-43.)
Com base nessa passagem de O Manifesto Comunista, assinale a alternativa correta.
Questão 82. Escreve Gerard Lebrun: “Com efeito, o que é política? A atividade social que se propõe a garantir pela força, fundada geralmente no direito, a segurança externa e a concórdia interna de uma unidade política particular (conforme descreve Julien Freund em Qu’estce que la Politique). Não é dogmaticamente que eu proponho esta definição (outras são possíveis), mas simplesmente para ressaltar que, sem o uso da noção de força, a definição seria visivelmente defeituosa. Se, numa democracia, um partido tem peso político, é porque tem força para mobilizar um certo número de eleitores. Se um sindicato tem um peso político é porque tem força para deflagrar uma greve. Assim, força não significa necessariamente a posse de meios violentos de coerção, mas de meios que permitam influir no comportamento de outra pessoa. A força não é sempre (ou melhor, é raríssimamente) um revólver apontado para alguém”. (LEBRUN, Gerard. O que é poder. São Paulo: Brasiliense, 1981, p. 04.)
Qual é a relação entre força e política expressa pelo autor nesse excerto?
a) Marx e Engels demonstram uma grande empatia pela classe burguesa, na medida em que ambos possuíam origem social nessa classe. Entendem também que o proletariado cumpriu um papel importante na construção das sociedades capitalistas, mas que não o fariam de modo pleno sem a existência da burguesia e seus intelectuais, que forneciam as diretrizes necessárias para o desenvolvimento do capitalismo.
b) Para os autores, não haveria outra possibilidade de a burguesia revolucionar os meios de produção, por conseguinte, as relações de produção, que não fosse pelo modelo instituído pela Revolução Francesa, ocorrida em 1848. Daí a importância do Manifesto Comunista, escrito no mesmo ano, o que demonstra que Marx e Engels concordavam com os ideais comunistas da Revolução Francesa.
c) Quando Marx e Engels escrevem que “tudo o que era sólido e estável se desmancha no ar, tudo o que era sagrado é profanado e os homens são obrigados finalmente a encarar sem ilusões a sua posição social”, atestam quanto a revolução burguesa, com auxílio dos comunistas soviéticos, estava travando uma luta contra a igreja cristã ocidental.
d) Há muito, frações da burguesia e partidos de orientação comunista no continente europeu estavam associados numa campanha contra os valores modernos, cristãos e ocidentais. A revolução da burguesia descrita por Marx e Engels em O Manifesto Comunista já defendia o Estado totalitário e o fim das liberdades individuais, que, mais tarde, iriam resultar na formação de partidos políticos de extrema-esquerda, como o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, também conhecido como Partido Nazista.
►e) De acordo com Marx e Engels, a burguesia, enquanto nova classe social que emerge no mundo moderno, trouxe consigo uma série de elementos que não apenas denunciaram os aspectos arcaicos das sociedade antigas, suas formas arquetípicas de dominação, seu primitivismo religioso e sua ineficácia política, como também apresentaram a modernidade como novo projeto de sociedade, retirando os indivíduos de sua passividade social e lançando-os no processo histórico de desenvolvimento de suas relações de produção.
a) Não há relação direta entre força e política, pois nenhuma se apresenta como componente essencial que permita explicar as diferentes formas de exercício do poder.
b) A política e a força anulam-se enquanto categorias que pretendem explicar as diferentes noções de poder hoje existentes. O poder, por sua vez, é formado exclusivamente pela força, seja militar ou civil, pois ele é manifestação simbólica das estruturas de repressão.
c) Significa afirmar que as estruturas de poder instrumentalizam a força e a política como forma de manter um determinado modelo de governança. A relação entre elas se dá nessa condição: força e política só existem, de fato, quando as estruturas de poder, ou seja, o governo, considera tais estruturas necessárias para a manutenção de uma determinada ordem institucional repressiva.
►d) Força e política não são conceitos excludentes ou contrários. Para que a política seja exercida, é necessária uma capacidade de mobilização, consentimento e construção de hegemonia por quem deseja agir politicamente. Assim, a força implica o poder de que se dispõe na construção de maiorias políticas.
e) A relação entre política e força se expressa na destituição do poder e na construção das resistências nos movimentos sociais e nos sindicatos. A política e a força física são instrumentos usualmente presentes na militância partidária como forma de questionar o exercício do poder.
Questão de interpretação na qual a leitura e compreensão prévias dos conceitos marxistas levaria a mais segurança na alternativa correta. A burguesia racionalizadora da sociedade apresentou um novo modelo social. Retirando os sujeitos da passividade, e da tutela religiosa. Promovendo individualismo de um novo modelo social.
Questão difícil pelos distratatores. Interpretação e conceitos aprendidos previamente bem equilibrados. Os mais cuidadosos diriam que essa questão tem uma crítica política atual. Força não é necessariamente usar a violência ou coerção. Força pode ser a capacidade de dominação ou de fazer mobilizações da maioria. “Três elementos conceituais compõem a ideia de poder: potência (capacidade de fazer); força (canalização da potência ao ato) e, finalmente segundo Weber, a probabilidade de que uma ordem seja seguida por um grupo específico: dominação. ” (Adaptado de LEBRUN, Gérard. O que é Poder. São Paulo: Círculo do Livro, Vol. 8, p. 134).

Comentário geral da prova a seguir: totalmente dentro do esperado conforme indicação de leituras. Questões de níveis diferenciados. Exigia boa leitura. Questões longas, em que a interpretação foi fundamental. Foram usados todos autores indicados, apenas o capítulo 9 do Giddens ficou de fora.
UFPR 2019/2020 – As obras relacionadas abaixo serão utilizadas para as questões tanto da primeira fase (prova objetiva) quanto da segunda (prova discursiva):
1. GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005. p. 24-37; p. 204-233.
2. LEBRUN, Gérard. O que é poder. São Paulo: Brasiliense, 2004.
3. MEAD, Margaret. A adolescência em Samoa. In: CASTRO, Celso. (org.). Cultura e personalidade: Ruth Benedict, Margaret Mead, Edward Sapir. Rio de Janeiro: Zahar, 2015. p. 17-65.
4. RIBEIRO, Darcy. Aventura e rotina. In: ______. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. SP: Cia das Letras, 1995. p.167-192.
5. SADEK, Maria Tereza. Nicolau Maquiavel: O cidadão sem fortuna, o intelectual de virtù. In: WEFFORT, Francisco C. (org.). Os clássicos da política. Vol. 1. 12ª ed. São Paulo: Ática, 1999. p. 11-24.
Questão 78. Considere o seguinte excerto do texto intitulado Adolescência em Samoa, da antropóloga Margaret Mead: Nas partes mais remotas do mundo, sob condições históricas muito diferentes daquelas que fizeram Grécia e Roma florescer e declinar, grupos de seres humanos desenvolveram padrões de vida tão diferentes dos nossos que não podemos arriscar a conjectura de que iriam chegar algum dia às nossas próprias soluções. Cada povo primitivo escolheu um conjunto de valores humanos e moldou para si mesmo uma arte, uma organização social, uma religião, que são sua contribuição singular para a história do espírito humano. Samoa é apenas um desses padrões diversos e graciosos, mas, assim como viajante que um dia se afastou de casa é mais sábio que o homem que nunca foi além da soleira da própria porta, o conhecimento de outra cultura deveria aguçar nossa capacidade de esquadrinhar com mais sobriedade, de apreciar mais amorosamente, a nossa própria cultura. (MEAD, Margaret. Adolescência em Samoa. In: CASTRO, Celso (org.). Cultura e personalidade: Ruth Benedict, Margaret Mead e Edward Sapir. Rio de Janeiro: Zahar, 2015, p. 28.) A partir dessa consideração feita pela autora, é correto afirmar:
a) A antropologia demonstra que as práticas culturais da ilha de Samoa, situada no Pacífico Sul, foram imprescindíveis na composição dos valores e da visão de mundo que orientou a formação das sociedades grega e romana.
b) Uma cultura não ocidental será de extrema importância para os estudos antropológicos, pelo fato de o isolamento geográfico permitir ao antropólogo o despojamento de seus referenciais e, por conseguinte, produzir uma ciência neutra, sem viés ideológico.
c) O estudo de nossa própria cultura está estreitamente vinculado aos padrões de sociabilidade das comunidades nativas aborígenes, daí a importância dos habitantes da ilha de Samoa para os estudos antropológicos no Ocidente.
d) Samoa constituiu um padrão importante de dinâmica social, e considerá-lo nas análises antropológicas é constatar que a etnografia precisa ser aprimorada, a fim de que a história das sociedades primitivas não seja relegada ao esquecimento com o avanço da civilização.
►e) Observar as práticas culturais e todo o sistema de valores de uma sociedade que estruturalmente diferencia-se dos padrões referenciais de quem observa permite não só compreender as dinâmicas sociais dos grupos observados como também refletir sobre as categorias de análise que possibilitam a mesma observação.
Questão de interpretação, em que o conhecimento conceitual de cultura daria mais segurança ao responder. Mead define cultura nesse trecho. Trata-se de discussão que retire as ideias etnocêntricas da teoria da cultura. Vai contra os evolucionistas ao definir de definir cultura a partir dela mesma não do ponto de vista etnocêntrico.

Questão 79. O filósofo Gérard Lebrun, em seu livro intitulado O que é o poder, discorre sobre diferentes abordagens do conceito de poder. Na apresentação da obra, tece considerações sobre o binômio poder/dominação, tendo como referência a obra de Michel Foucault. Escreve Lebrun: Quando a questão é compreender como foi e continua sendo possível a resignação, quase ilimitada, dos homens perante os excessos do poder, não basta invocar as disciplinas e as mil fórmulas de adestramento que, como mostra Foucault, são achados relativamente recentes da modernidade. Sua origem e seu sucesso talvez se devam a um sentimento atávico dos deserdados, de serem por natureza excluídos do poder, estranhos a este – talvez derivem da convicção de que opor-se a ele seria loucura comparável a opor-se aos fenômenos atmosféricos. Ainda que o poder não seja uma coisa, ele se torna uma, pois é assim que a maioria dos homens o representa. É preciso situar a tese de Foucault dentro de seus devidos limites: o homem condicionado, adestrado pelos poderes, é o privilegiado, o europeu. Não é o colonizado, não é o proletário do Terceiro Mundo (assim como não era o proletário europeu do século XIX). Estes, o poder não pensa sequer em domesticar: domina-os – e muito de cima. (LEBRUN, Gérard. O que é poder. São Paulo: Brasiliense, 2004, p. 08.) Com base na reflexão desenvolvida por Lebrun, é correto afirmar que:
Questão 80. Considere o seguinte excerto da obra O povo brasileiro, do antropólogo Darcy Ribeiro: A classe dominante empresarial-burocrático-eclesiástica, embora exercendo-se como agente de sua própria prosperidade, atuou também, subsidiariamente, como reitora do processo de formação do povo brasileiro. Somos, tal qual somos, pela forma que ela imprimiu em nós, ao nos configurar, segundo correspondia a sua cultura e a seus interesses. Inclusive, reduzindo o que seria o povo brasileiro, como entidade cívica e política, a uma oferta de mão-de-obra servil. Foi sempre nada menos que prodigiosa a capacidade dessa classe dominante para recrutar, desfazer e reformar gentes aos milhões. Isso foi feito no curso de um empreendimento econômico secular, o mais próspero de seu tempo, em que o objetivo jamais foi criar um povo autônomo, mas cujo resultado principal foi fazer surgir como entidade étnica e configuração cultural um povo novo, destribalizando índios, desafricanizando negros e deseuropeizando brancos. Ao desgarrá-los de suas matrizes, para cruzá-los racialmente e transfigurá-los culturalmente, o que se estava fazendo era gestar a nós brasileiros tal qual fomos e somos em essência. Uma classe dominante de caráter consular-gerencial, socialmente irresponsável, frente a um povo-massa tratado como escravaria, que produz o que não consome e só se exerce culturalmente como uma marginália, fora da civilização letrada em que está imerso. (RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Cia das Letras, 1995. p.178-179.) Levando em consideração a hipótese do autor, em relação à formação da sociedade brasileira, às dinâmicas sociais e às formas de dominação, é correto afirmar:
►a) o conceito de poder tem a possibilidade de ser interpretado a partir de noções como “disciplina” ou “adestramento”, construídas no próprio sujeito, considerando ao mesmo tempo a natureza estrutural e as condicionantes macrossociais do poder que orientam os indivíduos à ação social.
b) as diferentes enunciações do conceito de poder presentes na obra de Foucault devem levar em consideração a situação dos trabalhadores novecentistas em países de Terceiro Mundo; do contrário o poder só pode ser entendido como narrativa dos opressores.
c) o poder é um fenômeno que prescinde das instituições políticas e sociais para que se manifeste e, conforme Lebrun, toda forma de poder é uma manifestação da domesticação e do adestramento do indivíduo para a ação coletiva, tendo como princípio a vigilância e a punição.
d) a explicação oferecida por Foucault possui limitações e não corresponde à realidade das relações de poder existentes no mundo moderno e contemporâneo, sobretudo quando se destaca a análise do proletariado do Terceiro Mundo.
e) as relações de poder serão compreendidas em profundidade se assumirmos como parâmetro de nossas análises os processos de colonização no século XIX e a opressão ao proletário do Terceiro Mundo.
a) O fortalecimento das elites empresarial, burocrática e eclesiástica se deu num processo de correlação de forças que visaram, num processo histórico de longa duração, a constituir um domínio econômico, a partir do qual as classes inferiores, por não disporem de poder e capital, foram alijadas do processo de dominação.
b) A igreja teve papel central na organização da vida colonial e imprimiu um sentido sagrado à dominação por longo tempo. Sua importância em relação à burocracia civil e às elites econômicas no Brasil foi de tal maneira preponderante, que a Inquisição se fez presente como forma de manutenção da ordem e do domínio dos portugueses sobre nativos indígenas e escravos africanos.
►c) As mudanças sociais que ocorreram no Brasil desde sua colonização produziram um tipo de dominação secular, que associou as elites empresarial, burocrática e eclesiástica a um processo civilizacional intimamente associado a um estado de barbárie, em que as camadas subalternas sempre cumpriram um papel marginal no seu processo emancipação e esclarecimento.
d) O objetivo principal da cúpula patricial, toda ela oriunda da metrópole, era formar uma sociedade que fosse capaz de contribuir com a expansão dos limites territoriais da Coroa Portuguesa. Em contrapartida, essas populações nativas teriam o direito ao reconhecimento da cidadania lusitana.
e) O autor frisa que, apesar da dominação severa, ainda assim havia algum senso de solidariedade por parte das elites empresarial, burocrática e eclesiástica, sendo esses três grupos sociais responsáveis pela colonização do Brasil e possibilitando que camadas sociais inferiores, o povo, as massas, participassem da construção do país, de sua cultura e de sua unidade como “povo brasileiro”.
Questão difícil que exigia boa interpretação do trecho e do livro do Lebrun. Existem formas diferentes de manifestação do poder. Cita os europeus e os colonizados que tem perspectivas diferentes do poder.
Questão de interpretação, mas que o domínio conceitual ajudaria a dar mais segurança na resposta certa. Ribeiro considera o Brasil foi formado por uma elite e um povo que sofreu exploração. Visão marxista de Ribeiro: dominantes e dominados.

Questão 81. Considere a passagem abaixo: A substituição do reino do dever ser, que marca a filosofia anterior, pelo reino do ser, da realidade, leva Maquiavel a se perguntar: como fazer reinar a ordem, como instaurar um Estado estável? O problema central de sua análise política é descobrir como pode ser resolvido o inevitável ciclo de estabilidade e caos. Ao formular e buscar resolver esta questão, Maquiavel provoca uma ruptura com o saber repetido pelos séculos. Trata-se de uma indagação radical e de uma nova articulação sobre o pensar e fazer política, que põe fim à ideia de uma ordem natural eterna. A ordem, produto necessário da política, não é natural, nem a materialização de uma vontade extraterrena, e tampouco resulta do jogo de dados do acaso. Ao contrário, a ordem tem um imperativo: deve ser construída pelos homens para se evitar o caos e a barbárie, e, uma vez alcançada, ela não será definitiva, pois há sempre, em germe, o seu trabalho em negativo, isto é, a ameaça de que seja desfeita. (SADEK, Maria Tereza. Nicolau Maquiavel: o cidadão sem fortuna, o intelectual de virtù. In: WEFFORT, Francisco (org.). Clássicos da política, vol. 01. São Paulo: Ática, 2001. p. 17-18.) Considerando o argumento de Maria Tereza Sadek, em seu texto intitulado Nicolau Maquiavel: o cidadão sem fortuna, o intelectual de virtù, é correto afirmar:
Questão 82. Considere o seguinte excerto: O estudo objetivo e sistemático da sociedade e dos comportamentos humanos é um desenvolvimento relativamente recente, cujos primórdios datam de fins do século XVIII. Um desenvolvimento-chave foi o uso da ciência para compreender o mundo – a ascensão de uma abordagem científica ocasionou uma mudança radical na perspectiva e na sua compreensão. Uma após a outra, as explicações tradicionais e baseadas na religião foram suplantadas por tentativas de conhecimento racionais e críticas. [...] O cenário que dá origem à sociologia foi a série de mudanças radicais introduzidas pelas “duas grandes revoluções” da Europa dos séculos XVIII e XIX. [...] A ruptura com os modos de vida tradicionais desafiou os pensadores a desenvolverem uma compreensão tanto do mundo social como do natural. Os pioneiros da sociologia foram apanhados pelos acontecimentos que cercaram essas revoluções e tentaram compreender sua emergência e consequências potenciais. (GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005. p. 27-28.) Quais são as revoluções a que Anthony Giddens faz referência?
a) Os estudos de Maquiavel sobre o reino do ser na política levam em consideração a tradição idealista de Platão, Aristóteles e São Tomás de Aquino e rejeitam as interpretações de historiadores antigos, como Tácito, Políbio, Tucídides e Tito Lívio.
►b) Em sua obra, Maquiavel coloca em relevo a dimensão efetivamente social, histórica e política das relações humanas, explicitando que sua regra metodológica implica o exame da realidade tal como ela é e não como se gostaria que ela fosse.
c) A política, segundo Maquiavel, tem correspondência com as ideias inatistas, ou seja, de que os indivíduos são predestinados a um tipo de condição que lhes é inerente, não havendo possibilidade de mudança ou qualquer outra forma de alterar as estruturas de poder, por ele denominada de “maquiavélicas”.
d) Segundo Sadek, ao formular uma explicação sobre essa questão, Maquiavel não rompeu com os paradigmas que fundavam a política de seu tempo, por conseguinte, favorecendo a perpetuação de tiranias nos séculos XV e XVI.
e) Para Maquiavel, o problema central da política foi a democracia, e sua construção implicava o fortalecimento de governos descentralizados, o que aproximava seus estudos de liberais como John Locke e Thomas Hobbes.

a) Revolução Russa e Revolução Chinesa.

b) Revolução dos Cravos e Revolução Francesa.

c) Revolução Industrial e Revolução Inglesa.

►d) Revolução Francesa e Revolução Industrial.

e) Revolução Proletária e Revolução Comunista.
Questão de interpretação. Maquiavel queria mostrar que a partir da realidade que se produz política. A política real, e não a ideal, é o que interessa a Maquiavel.
Questão fácil de caráter histórico-sociológico. Compreender a sociologia como fruto da modernidade.

Enem 2018 – Prova Azul (7 questões)

Gabarito: C

Gabarito: E
Questão recorrente no ENEM, trata-se de conceito da antropologia, evidenciando diferenças culturais significativas. O estudante familiarizado com o conceito teria mais facilidade interpretação.
Aqui envolve discussão sociológica-antropológica. Trata-se de abordagem também interpretativa. A discussão sociológica sobre diferenças sociais, seja de classe ou étnica, ajuda na interpretação.

Gabarito: B

Gabarito: B
“Guy Debord, o criador do conceito de ‘sociedade do espetáculo’, definiu o espetáculo como o conjunto das relações sociais mediadas pelas imagens.” Trata-se de questão em que o conceito de imagem e importância da mídia e redes sociais, bem como as ideias por trás desses dois é fundamental. (<https://revistacult.uol.com.br/home/midia-e-poder-na-sociedade-do-espetaculo/> acesso em 31/01/2020)
Parte das diferenças culturais para discutir questão social de classe e desigualdade. Os estudantes precisam compreender o conceito de sociabilidade da sociologia.

Gabarito: E

Gabarito: B
Envolve o conceito de Globalização (Giddens) muito discutido na Sociologia contemporânea. Além da atualidade sobre temas como migração, refugiados e muros de segregação (EUA e Israel), bem como o Brexit.
Questão de conhecimento histórico-sociológico que envolve diferença de gênero. Necessita compreender previamente as mudanças sociais do papel da mulher. E trata-se de questão interpretativa.

Gabarito: E
Questão de ciência política que tem fundamento no conceito de Liberalismo. Mas também é interpretativa.

Enem 2019 – Prova Azul (12 questões)

Gabarito: E

Gabarito: A
Do ponto de vista antropológico a diversidade cultural inclui a religiosidade. Porém, necessita apenas de interpretação.
O primeiro cientista social, da ciência moderna, diferencia postural pessoal da postura política, ou seja, necessidades públicas de privadas. Novamente nesse caso basta a interpretação do texto.

Gabarito: C

Gabarito: C
Ciência Política por meio do conceito de democracia. Precisa conhecer o conceito de democracia moderno. Bem como a ampliação do conceito de cidadania e participação social.
Novas relações sociais, para amenizar a desigualdade. Interpretação de texto.

Gabarito: E

Gabarito: D
Recorrentes questões no ENEM que tratam de imagem. Mas apesar de tratar de relações sociais, principalmente de consumo e identidade, boa interpretação de texto levava à resposta correta.
O estudante que conhecesse o conceito de modernidade líquida. Ou que nossa modernidade é construção que se dá a partir da valorização da ciência fundamentada no iluminismo, chegaria à resposta fundamentada na ciência e no funcionalismo. Uso de conceito importante.

Gabarito: C

Gabarito: D
Aborda cultura e sua dinâmica. Neste caso a apropriação, por tratar-se de incorporação. Giddens trata disso, bem como os culturalistas. Conhecer os conceitos de dinâmica da cultura como apropriação, assimilação, aculturação e ressignificação é importante para diferenciar os distratores corretamente.
Questão sobre globalização assim como cultura são recorrentes no ENEM. Conceito discutido por Giddens. Aqui apresenta uma das facetas que é a desigualdade social. Mas trata-se de interpretação e repertório de atualidades.

Gabarito: B

Gabarito: B
Envolve Geografia e Sociologia. Novas relações sociais. E trata-se de apropriação espacial e cultural. Novamente dinâmica da cultura com conceito. Assim como a questão 73.
Discussão recorrente no ENEM é Patrimônio Cultural, seja material ou imaterial. Nessa questão trata-se da definição do que é patrimonializado ou preservado. Mas trata-se de interpretação.

Gabarito: A

Gabarito: B
Trata-se de questão social que envolve o conceito de trabalho e desigualdade. Bem como a função do estado. Entender desses conceitos é importante. Mas depende de interpretação da ideia de parceria entre órgãos públicos.
Quando se trata da dimensão política, envolve a discussão de desigualdade de classe. O conceito é importante aqui. Associar a ideia de distribuição de renda às condições materiais. Tem base marxista de interpretação..

UFPR – PROCESSO SELETIVO 2018/2019 – PROGRAMA OFICIAL DE PROVA
4.4 SOCIOLOGIA A prova específica de Sociologia pretende avaliar a capacidade das candidatas e dos candidatos em compreender e analisar os fenômenos sociais, a partir das teorias sociais, políticas e antropológicas clássicas e contemporâneas, demonstrando, então, capacidade de apreender a relação sociedade-natureza e suas implicações nas constituições das diferentes sociedades, bem como a relação indivíduo-sociedade, a partir das instituições sociais. Espera-se, ainda, que as candidatas e os candidatos demonstrem competência de compreensão teórica da estrutura social, das desigualdades sociais, dos processos de mudanças sociais, da dinâmica política do Estado, da diversidade cultural, da indústria cultural e das relações sociais, pois são temas/conceitos essenciais para sua inserção de forma autônoma, crítica e participativa nos processos atuais de mundialização, de intenso desenvolvimento tecnológico, de mudanças na produção (material e simbólica) e de aprofundamento das formas de exclusão social.
4.4.1 PROGRAMA
4.4.1.1 A origem da Sociologia ● A modernidade e o surgimento da sociologia. ● Fundamentos do pensamento sociológico: Durkheim, Weber e Marx. ● Objeto e o método da Sociologia. 4.4.1.2 A relação sociedade e natureza ● Progresso técnico e meio ambiente. ● Trabalho e Sociedade. ● A divisão sexual e social do trabalho. ● As transformações recentes do trabalho. 4.4.1.3 Estrutura e estratificação social ● As classes sociais e a estratificação. ● Desigualdade social. ● Desigualdade social no Brasil. 4.4.1.4 Indivíduo, identidade, socialização e orientação sexual ● Socialização e identidade. ● Individuação, gênero e sexualidade. ● Homofobia, transfobia, bullying. 4.4.1.5 O Estado moderno e a nova ordem mundial: dominação e poder ● Surgimento e desenvolvimento do Estado Moderno. ● O Estado nacional contemporâneo. 4.4.1.6 Mudança e transformação ● A mudança social e a mudança cultural. ● Inovação tecnológica e participação política. ● Ciências, tecnologia, conhecimento e desenvolvimento. 4.4.1.7 Movimentos sociais ● Novas formas de participação social. ●Movimentos sociais no Brasil e cidadania.
4.4.1.8 Cultura e Sociedade ● Cultura e organização social. ● As dimensões da cultura. ● A diversidade cultural no Brasil. 4.4.1.9 A indústria cultural ●Meios de comunicação e indústria cultural. ●Mídia, cultura e política no Brasil. ● As novas mídias.
4.4.2 Referências bibliográficas As obras relacionadas abaixo serão utilizadas para as questões tanto da primeira fase (prova objetiva) quanto da segunda (prova discursiva): ● DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016. ● LARAIA, Roque. Cultura. Um Conceito Antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. ● LEBRUN, Gérard. O que é poder. São Paulo: Brasiliense, 2004. ● LÉVI-STRAUSS, Claude. Raça e História. In: Antropologia Estrutural II. São Paulo: UBU, 2017. ●MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. 21. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998. ●MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto comunista. São Paulo: Boitempo, 2005.

UFPR – PROCESSO SELETIVO 2019/2020 – PROGRAMA OFICIAL DE PROVA
4.4 SOCIOLOGIA
A prova específica de Sociologia pretende avaliar a capacidade das candidatas e dos candidatos em compreender e analisar os fenômenos sociais, a partir das teorias sociais, políticas e antropológicas clássicas e contemporâneas, demonstrando, então, capacidade de apreender a relação sociedade-natureza e suas implicações nas constituições das diferentes sociedades, bem como a relação indivíduo-sociedade, a partir das instituições sociais. Espera-se, ainda, que as candidatas e os candidatos demonstrem competência de compreensão teórica da estrutura social, das desigualdades sociais, dos processos de mudanças sociais, da dinâmica política do Estado, da diversidade cultural, da indústria cultural e das relações sociais, pois são temas/conceitos essenciais para sua inserção de forma autônoma, crítica e participativa nos processos atuais de mundialização, de intenso desenvolvimento tecnológico, de mudanças na produção (material e simbólica) e de aprofundamento das formas de exclusão social.
4.4.1 PROGRAMA
4.4.1.1 A origem da Sociologia ● A modernidade e o surgimento da sociologia. ● Fundamentos do pensamento sociológico: Durkheim, Weber e Marx. ● Objeto e o método da Sociologia. 4.4.1.2 A relação sociedade e natureza ● Progresso técnico e meio ambiente. ● Trabalho e Sociedade. ● A divisão sexual e social do trabalho. ● As transformações recentes do trabalho. 4.4.1.3 Estrutura e estratificação social ● As classes sociais e a estratificação. ● Desigualdade social. ● Desigualdade social no Brasil. 4.4.1.4 Indivíduo, identidade, socialização e orientação sexual ● Socialização e identidade. ● Individuação, gênero e sexualidade. ● Homofobia, transfobia, bullying. 4.4.1.5 O Estado moderno e a nova ordem mundial: dominação e poder ● Surgimento e desenvolvimento do Estado Moderno. ● O Estado nacional contemporâneo. 4.4.1.6 Mudança e transformação ● A mudança social e a mudança cultural. ● Inovação tecnológica e participação política. ● Ciências, tecnologia, conhecimento e desenvolvimento. 4.4.1.7 Movimentos sociais ● Novas formas de participação social. ● Movimentos sociais no Brasil e cidadania. 4.4.1.8 Cultura e Sociedade ● Cultura e organização social. ● As dimensões da cultura. ● A diversidade cultural no Brasil. 4.4.1.9 A indústria cultural ● Meios de comunicação e indústria cultural. ● Mídia, cultura e política no Brasil. ● As novas mídias.
4.4.2 Referências bibliográficas: as referências foram publicadas no dia 11/03/2019 e atualizadas no dia 1º/04/2019 na página do Processo Seletivo 2019/2020.



[1] Expressão usada para as turmas de terceiro ano do Ensino médio que também fazem preparação para o vestibular.
[2] Lei nº 11.684/08 altera o art. 36 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias nos currículos do ensino médio. Esta alteração foi proposta pelo deputado estadual paranaense Padre Roque Zimmermann (PT).
[4] LEBRUN, Gérard. O que é poder. São Paulo: Brasiliense, 2004.
[5] Quais os assuntos mais cobrados de Sociologia e Filosofia no Enem até 2019? Segundo Taís Ilhéu (Guia do Estudante, 12/09/2019).
[6] Ambos têm no fim de cada capítulo sugestões de filmes, promovendo a intertextualidade, fundamental para a compreensão. E isso não ocorre na apostila do Curso.
[7] Inclusive sugestão de redação e questões subdivididas em cada capítulo da primeira coleção.
[8] Dois capítulos não receberam números na edição.
[9] Com indicação de projetos pedagógicos no fim de seis capítulos. E uma sugestão de pesquisa por capítulo. Nos capítulos, após textos complementares, tem atividades discursivas ou orais, não incluídas na contagem: construção de argumentos, pesquisa, trabalho em grupo, aula em campo, intervenção, reflexão e parecer.
[10] Exclusivamente para o terceiro ano (terceirão) e pré-vestibular.
[11] Subdividido em três volumes.
[12] Também de vestibulares brasileiros.
[13] Considerado que uma questão exigia o mesmo peso entre interpretação e conceito. Por isso a soma deu seis, mas foram cinco questões no vestibular.
[14] Divididos em três volumes ao longo do ano letivo, que se encerra em setembro.