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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

EXISTE RESGATE DE VALORES?

Prof. Me. Sandro Luis Fernandes

Numa conversa com a professora Ana Elisa (biologia), excelente professora e devotado à educação e saúde, discutíamos a falta de interesse e ética de alguns alunos (fim de ano, preocupados com notas finais e conselho de classe).

A Ana comentou que faltavam valores, deveria resgatar o que havia sido perdido. Daí indaguei: o que perdemos? Nada! Nunca na história desta humanidade tantos direitos foram assegurados, há mais sinceridade. As pessoas podem se separar, por exemplo, e é possível falar a verdade sem perseguição política ou moral, pelo menos em muitos lugares desta humanidade.

Mas então qual é o problema, já que eu não quero resgatados valores como escravidão, submissão feminina, autoritarismo paterno, exploração do proletariado, intolerância religiosa, agressão à fauna e à flora, etc. Mas, e o que foi refletido no passado: as virtudes de Aristóteles, a liberdade do indivíduo no iluminismo. Quando efetivamente foram colocadas em práticas? Queremos resgatar valores ou aplicar idéias de convivência já debatidas exaustivamente e pouco colocadas em prática?

Bem, o problema existe. Temos problemas sociais derivados de problemas éticos de convivência. Então como identificá-lo? Pensa-se só em si. O indivíduo pode tudo, o outro sempre está distante.

O prazer imediato é que se busca incessantemente, acreditamos em propagandas, assistimos muita TV, diversão sempre, jovens sempre... Contatos imediatos e frequentes... Muita tecnologia nos isola e aproxima, contradição dos Tempos Modernos (do Lulu Santos e do Chaplin ao mesmo tempo). Isola do próximo, dificulta contato pessoal? Não é este o problema. A questão mais difícil está no que queremos para nós implicar no que outro também quer... O inferno são os outros... E o paraíso é nosso ensimesmamento. Até quando?

Quando olharmos para o lado e vermos um igual, não o outro qualquer as coisas mudarão. Quem está ao nosso lado: os desvalidos, os ricos, os melhores, os piores, os feios e os bonitos... É o concorrente, e daí? O que isto implica em minha vida? Será possível falarmos em competição saudável. Quem perderá para o outro ganhar? Como perguntam os economistas: é possível almoço grátis?

A liberdade, as virtudes, o conhecimento, a ética, a política, a reflexão, é possível resgatá-las a partir das idéias e não das práticas... E então o que nos resta?

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