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sábado, 14 de janeiro de 2012

Também vendo amor


Vi o Nero pela primeira vez quando ele tocava no London (Largo da Ordem) no início dos anos 90 quando cheguei em Curitiba. Tava ele no mezanino de calça saruel (parecida com as que eu usava). Claro que não foi só a roupa que marcou. Mas a voz forte e o excelente repertório.

Acho que isto foi pelos idos de 93. Depois no Fato, tocamos juntos, nos conhecemos e nos “amigamos”. Tomei gosto pelas composições do Nero desde 2001 quando ele lançou o Maquinaíma. Ouço este disco e gosto principalmente de “Filosofando” e “Deus caiu no sono”. Mas é uma obra que ouço sem pular nenhuma canção.

Falando em ouvir sem pular faixas do disco. Isto é que me chama atenção em obras autorais. Poucos são os discos da minha coleção que faço isto. E isto aconteceu novamente desde a primeira audição de “Vendo amor”, que baixei da Internet. (Já comprei o disco!!!)

Tratar o amor de forma lúdica, sem forma pré-definida, sem preconceito, com amor... foi sacada nerística. Claro que algumas músicas tocam mais fundo: começar com a poesia do Leprevost, depois chegar ao Careqa (“Acho” foi a canção que, na versão do vinil do Careqa, dei de presente para Rho, minha esposa, e que marcou nossa relação desde então, há 18 anos). “Vendo a vista” com o Abujamra me encanta. E as releituras de “Chorando em 2001”, "Não aprendi a dizer adeus" e, a enganação ao produtor, “Lave, leve, Love” são encantadoras no sentido de seduzir/maravilhar/produzir magia.

As letras que falam ao coração e ao cérebro. Devem ser novidade para o novo público do cantor/ator/músico/compositor/gordo. Mas eu já contava com isso. Desde “Encharque” (2000 no CD do Fato “Oquelatá quelateje”), surpreende com sua inteligência sonora.

A música, que é difícil ser separada da letra. Ganha brilho com a produção e arranjos do japoneis. O maestro Gilson caprichou. Desde a primeira audição o clima circense me tomou. Alegria, surpresa, comtemplação, amor e humor. Um disco autoral e artístico, sei que é redundante dizer isto, mas na atuação produção cultural torna-se necessário. O cd precisa ser ouvido completamente. As canções se encadeiam e formam obra ímpar.

Minha mãe, que tem medo do “Baltazar”, achou “Carinhoso” muito lenta. Eu gostei, pois tem a ver com a estética do disco. E, claro, “Filosofando” arrasou novamente. O trumpete, o crescendo da canção engrandecem mais ainda esta regravação. Principalmente a letra que gostei desde a primeira audição em 2001: simples e filosófica. Como o Nero. As palavras e os sons para o Nero são a mesma coisa. Ele me disse um dia que as suas canções não têm que dizer algo, mas eu acho que sempre dizem. Como a revelação amorosa coletiva de “Cadê meu jardim?”.

Gente! Tem que se envolver! Valeu Nerudinha!!!

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